Modelo dos 'campeões nacionais' se esgotou, diz Guedes ao defender privatizações
Ministro avalia que a redemocratização abriu espaço para investimentos em saúde e educação, mas ofuscou as reformas estruturais
Economia|Do R7
O ministro da Economia, Paulo Guedes, saiu novamente em defesa da privatização. Durante participação em evento da TC (Traders Club) com a Arko Advice, ele afirmou que o modelo anterior, marcado pela formação dos chamados "campeões nacionais", se esgotou.
"Os militares fizeram a grande infraestrutura brasileira, alavancaram tudo isso, mas o modelo faliu lá na frente", destacou, ao citar empresas que ocasionaram excesso de endividamento externo para as contas públicas.
Guedes analisa que a saída dos militares do poder trouxe outras necessidades defendidas pelos civis, como os investimentos em saúde e educação. "Se a direita tinha governado durante o governo militar, a esquerda dominou o poder no período da redemocratização e, meritoriamente, colocou os mais frágeis dentro do orçamento público, que se esqueceram de fazer a reforma do estado", lamentou.
Ao elogiar o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio Gomes de Freitas, ele disse que a pasta tinha capacidade de investir cerca de R$ 8 bilhões por ano, valor seis vezes menor ao mobilizado somente pela Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro) pelo direito de investir R$ 30 bilhões em saneamento no Rio de Janeiro.
"Empresas privadas nos pagaram R$ 150 bilhões de outorga pelo direito de investir R$ 830 bilhões nos próximos dez anos, o que dá, em média, R$ 80 bilhões por ano. O valor é dez vezes a verba de um ministro que quer fazer infraestrutura diante do esgotamento do modelo antigo", completou Guedes.
Na percepção do ministro, o estatismo “destruiu a economia brasileira”. “Pela primeira vez em 40 anos reduzimos em 35% o IPI, imposto que desindustrializou o país. O Brasil tem matérias-primas de todos os tipos. Tem a soja, mas traz de fora o óleo de soja. Tem o minério de ferro, mas às vezes tem que trazer de fora o aço. Isso acontece porque a indústria não conseguiu vencer o desafio do estatismo”, analisou.