Nova taxa de juros altera rendimento da poupança
Grana aplicada nas cadernetas passam a render 70% da Selic ao ano
Economia|Alexandre Garcia, do R7
A queda da taxa básica de juros ao patamar de 8,25% ao ano, determinada nesta quarta-feira (5) pelo Banco Central, vai alterar o rendimento das cadernetas de poupança.
Conforme determina a Lei 12.703, de 2012, a remuneração da aplicação é de 0,5% ao mês quando a Selic figurar acima de 8,5% ao ano.
Nos casos em que a taxa de juros é inferior a este patamar, o rendimento da poupança equivale a 70% do valor da Selic vigente na data de início do período de rendimento.
Antigamente, o investidor que aplicasse R$ 10 mil na caderneta durante 12 meses obtinha um ganho de R$ 617 (6,17%) ao final do período.
Agora, com a Selic em 8,25% ao ano, o mesmo investimento rende R$ 579 (5,79%) ao final dos mesmos 12 meses. Ou seja, a aplicação tem uma remuneração R$ 38 menor.
A economista do portal de educação financeira Meu Bolso Feliz Marcela Kawauti explica que, mesmo com uma remuneração menor da caderneta de poupança, o rendimento será mais satisfatório do que aquele apresentado pela aplicação nos últimos anos.
Ela afirma que o rendimento na casa dos 5,8% ao ano é melhor do que o de 7,5% que a caderneta pagava em 2015 devido ao ganho real da aplicação.
— Não adianta eu ter 7,5% [ao ano] de rendimento na poupança com uma inflação em 11%, como que aconteceu em 2015, quando nós tínhamos uma poupança muito abaixo da inflação. [...] Com a inflação atual em 3% [em 12 meses], você tem um ganho superior a 2 pontos percentuais acima da inflação.
Ganho real da poupança é o melhor em 10 anos
Assim como Kawauti, o professor de estratégia financeira do Ibmec-SP (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais) Paulo Azevedo observa que, mesmo em queda, a taxa de juros brasileira ainda oferece retornos satisfatórios aos investidores.
— Por mais que a Selic esteja caindo, a meta de inflação está abaixo do centro da meta. O governo pode se dar ao luxo de diminuir a Selic e isso não vai influenciar negativamente na última linha do investidor final.
Azevedo avalia ainda que a regra para mudar o gatilho da poupança foi criada porque a aplicação não pode oferecer um recurso elevado por ser usado na captação de recursos para o financiamento imobiliário.
— Se o banco capta recursos da poupança para o crédito imobiliário e tem que pagar muito para os investidores, naturalmente vai cobrar mais caro pelo crédito imobiliário. [A poupança] é um investimento que tem que oferecer, naturalmente, uma rentabilidade abaixo dos demais.
Os cálculos apresentados nesta reportagem foram feitos pelo diretor-executivo de estudos e pesquisas da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel José Ribeiro de Oliveira.
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