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Petróleo barato afeta a Petrobras e coloca em risco exploração do pré-sal

Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo tendem a sofrer com a queda de preço dos barris

Economia|Alexandre Garcia, do R7

Barril de petróleo é negociado por cerca de US$ 30
Barril de petróleo é negociado por cerca de US$ 30

Aparentemente distante do ponto de vista da população, a constante queda no preço do petróleo registrada ao longo dos últimos meses no exterior afeta diretamente a Petrobras, o pré-sal e os Estados e municípios dependentes das extrações de petróleo e gás no País.

Os reflexos da baixa de preços do Brent — equivalente ao petróleo em forma bruta —, que figura cotado por cerca de R$ 120 (US$ 30), já aparecem nas ações da Petrobras negociadas na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Nesta segunda-feira (18), os papéis da estatal recuaram mais de 7% e fecharam o pregão no menor preço desde 2003.

Segundo o mestre em Ciências e Engenharia do Petróleo e professor da EAESP (Escola de Administração de Empresas de São Paulo), da FGV (Fundação Getulio Vargas), Rafael Schiozer, a estatal brasileira tende a ser a principal perdedora com o petróleo no menor valor dos últimos 12 anos.

— O preço do petróleo mais baixo prejudica a Petrobras sob o ponto de vista de ela estar precisando de caixa e vai ter menos dinheiro para formar receita.


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Apesar de avaliar que a queda no preço do barril ajuda no caixa da Petrobras, que está vendendo gasolina e óleo diesel mais caro do que no mercado internacional, o diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infra Estrutura) e consultor na área de petróleo e gás, Adriano Pires, vê a estatal “duplamente prejudicada”.

— O barril abaixo dos US$ 30 diminui muito a receita da empresa e inviabiliza determinados investimentos. A Petrobras também deve R$ 500 bilhões em dívidas contraídas por má gestão da empresa a partir do segundo ano do governo Lula.


Schiozer avalia ainda que o petróleo mais barato coloca em risco uma boa parte da extração do pré-sal, responsável por um terço da produção da Petrobras, com a extração de 700 mil barris de petróleo por dia.

— Os novos investimentos do pré-sal tendem a ficar cada vez menos viáveis com o petróleo abaixo de US$ 30 e tem analista observando que os novos campos de extração não serão viáveis. Então, a produção do pré-sal tende a continuar crescendo menos do que se previa.

Estados e municípios

O baixo valor no preço dos barris de petróleo também deve intensificar os prejuízos dos Estados e municípios dependentes da extração do combustível. Adriano afirma que algumas regiões acreditaram que o petróleo nunca ia sair do patamar de US$ 100 e não se preocuparam em fazer reservas.

— Agora que o preço do petróleo foi para US$ 30, os caras estão sem dinheiro, porque gastaram mal quando o petróleo estava a US$ 100 e não tem mais como pagar as contas. É o caso do município do Rio de Janeiro.

Para o professor de economia da UFF (Universidade Federal Fluminense) Luciano Losekan, o impacto será ocasionado pela queda da arrecadação de royalties.

— A gente tem o impacto regional dos Estados e municípios que dependem muito do petróleo, principalmente o Rio de Janeiro, que concentra mais de 80% da produção de petróleo brasileiro.

De acordo com Schiozer, o Estado de São Paulo, que também conta com campos de extração do pré-sal tende a ser o menos afetado com a derrubada dos valores do petróleo.

— São Paulo é afetado, mas a economia de paulista é muito menos dependente do petróleo do que o Rio de Janeiro e o Espírito Santo. [...] Aqueles municípios mais tradicionais da bacia de Campos, como Macaé e Rio das Ostras, devem ter uma queda na arrecadação de royalties.

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