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Turismo pelas favelas cariocas atrai turistas gringos e brasileiros

A experiência nas comunidades atende ou supera as expectativas de 78,9% dos turistas

Economia|Alexandre Garcia, do R7

Confira as atrações que têm levado turistas às favelas cariocas
Confira as atrações que têm levado turistas às favelas cariocas Confira as atrações que têm levado turistas às favelas cariocas

As paisagens exuberantes levam uma grande quantidade de turistas ao Rio de Janeiro todos os anos. Mas engana-se, e muito, quem pensa que os passeios turísticos daqueles que visitam a Cidade Maravilhosa estão restritos às praias, ao Cristo e ao Corcovado.

Uma das atrações que ganha cada vez mais adeptos é a visita guiada entre as favelas fluminenses. A experiência de circular pelas comunidades do Rio atende ou supera as expectativas de 78,9% dos turistas que fizeram o passeio, de acordo com uma pesquisa do Ministério do Turismo, realizada em parceria com a FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Para Roberta Souza, uma das responsáveis pelo programa Brazilidade, que promove visitas à comunidade de Santa Marta, os passeios ao morro dão aos turistas a oportunidade de conhecer uma realidade anônima para eles, contando o dia-a-dia dos moradores da favela.

— O turista que vai com a gente está interessado em saber as coisas que estão acontecendo, o que a UPP [Unidade de Polícia Pacificadora] mudou na favela e conhecer o processo de urbanização.

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Somente nos primeiros meses de 2014, a Brazilidade informa que faturou R$ 11.500, valor que equivale a quase três vezes o ganho total do serviço 2013. Para cada visita guiada, que tem duração aproximada de duas horas, o preço cobrado varia de R$ 50 (brasileiros) a R$ 80 (estrangeiros). Roberta explica que a cobrança adicional aos gringos acontece pela diferença de idioma.

— A gente paga 30% do valor a um tradutor, que também é morador da favela, para ajudar a fazer o tour.

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Enquanto no ano passado o serviço guiou 43 pessoas, somente nos três primeiros meses deste ano foram levados 170 turistas para conhecer a comunidade localizada na zona sul do Rio, sendo 100 deles estrangeiros. Segundo a suíça Geórgia Conus, os estrangeiros sentem um receio inicial de passear pelas favelas. Ela recorda que, depois de conhecer o Santa Marta, levou outros amigos para terem a mesma experiência e eles ficaram preocupados, mas que o medo durou pouco tempo.

— A visão deles mudou. Durante o passeio a gente ficou conversando com o pessoal lá da favela e eles gostaram muito.

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Georgia, porém, diz que já conheceu outras comunidades cariocas e a experiência não foi tão tranquila quando a vivenciada no Santa Marta, onde chegou a fazer amizades.

— Em outras favelas que eu fui visitar a gente não podia sair do lugar, porque existe um perigo e, infelizmente, dá para ver que eu sou gringa.

O estudante Leandro Suares, 21, é morador de São Gonçalo, também no Rio de Janeiro, mas descreve sua visita ao morro de Santa Marta, realizada em agosto de 2013, como uma “experiência incrível”.

— Já tinha estudado o Santa Marta na universidade, mas com a visita descobri que ali existe uma realidade de pessoas com um cotidiano diferente daquele que é mostrado.

Copa na Favela

A chegada de turistas para acompanhar o Mundial também chama a atenção dos empreendedores que investem nas favelas. Dados prévios do Ministério do Turismo mostravam que somente a capital fluminense deveria receber 554 mil visitantes durante o torneio, boa parte deles interessados em conhecer ou se hospedar nas comunidades.

Pensando em atrair justamente os interessados em aproveitar o Mundial no Brasil, o projeto de visitação pelo morro Santa Marta lançou três novidades para satisfazer os turistas: um tour relacionado a influência do futebol na vida da comunidade, uma visita seguida pela exibição de uma partida do Mundial, e uma parceira para os turistas jogarem futebol com os moradores da favela.

Apesar de não saber avaliar em valores, Roberta diz que está otimista com a movimentação de visitantes que participaram do programa nos primeiros dias de Mundial.

— A gente ainda está sentido o andamento das coisas e trabalhando com a divulgação, mas ainda não paramos para pensar em valores. A gente está com uma expectativa boa. O fluxo de turistas já foi maior e a gente tem recebido um número grande de pessoas, com dois ou três tours por dia.

Pacificação

Roberta Souza afirma que a pacificação é indiferente para o modelo de negócio proposto pelo Brazilidade, que oferece visitas guiadas pelo primeiro morro que recebeu a instalação de uma UPP no Rio. De acordo com a guia, é possível traçar pontos positivos e negativos para o serviço após a pacificação do Santa Marta.

— O aspecto positivo é que para a pessoa que desconhece a favela, dá uma impressão de segurança (...) O negativo é que a gente vê essa coisa da UPP não respeitar os moradores e não serem educados com as pessoas.

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