93% dos professores avaliam que defasagem de aprendizagem é um desafio, aponta estudo
Pesquisa TIC Educação avaliou a conectividade e o acesso à tecnologia nas escolas públicas e privadas do país em 2021
Educação|Karla Dunder, do R7
A defasagem no aprendizado é um dos aspectos que os professores de escolas públicas e privadas do país destacam com relação à educação na pandemia, indica a pesquisaTIC Educação 2021. Segundo o estudo, realizado pelo Cetic (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) — departamento do NIC.br, a área operacional do CGI.br (Comitê Gestor de Internet) — e divulgado nesta terça-feira (12), para 93% dos professores ouvidos a falta do domínio de conteúdo curricular é um desafio.
A pesquisa TIC Educação 2021 — Edição Covid-19 ouviu professores de ensino fundamental e médio de escolas públicas (municipais, estaduais e federais) e particulares localizadas tanto em áreas urbanas quanto rurais do Brasil. O objetivo foi analisar o acesso, o uso e a apropriação das tecnologias digitais nas escolas brasileiras, com enfoque no uso desses recursos por alunos e professores em atividades de ensino e aprendizagem.
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Além do desafio de recuperar a aprendizagem, a pesquisa mostra que houve um aumento da carga de trabalho dos professores (85%). "Pelos dados levantados, percebemos que os professores fizeram a educação acontecer neste período de pandemia, e essa sobrecarga de trabalho mostra isso", avalia Daniela Costa, coordenadora da pesquisa TIC Educação.
Mesmo diante da dificuldade de conectividade durante a pandemia, os professores usaram material impresso para garantir que os estudantes tivessem acesso ao conteúdo ou aplicativos de mensagens. Essa foi uma estratégia usada principalmente por professores das redes municipais (94%) e estaduais (95%).
Para a recuperação do conteúdo, os entrevistados mencionaram a combinação de aulas de recuperação presenciais e remotas com o uso de tecnologias digitais (58%), com porcentagem menor entre os que lecionam em escolas municipais.
"Os dados da pesquisa também mostram que, quanto mais distantes dos grandes centros urbanos, menor o acesso às plataformas digitais e maior a dificuldade de acesso e conectividade", destaca Daniela. Essa dificuldade fica mais evidente nas escolas rurais, a maioria delas municipais. "Também percebemos as diferenças por região, sendo o acesso mais difícil nas regiões Norte e Nordeste."
Um ponto em comum entre a pesquisa realizada em 2020, com gestores, e a atual é a dificuldade dos pais ou responsáveis em orientar e apoiar os alunos nas tarefas escolares como o principal desafio para a continuidade da realização de atividades pedagógicas durante a pandemia. Esse aspecto foi observado por 94% das pessoas ouvidas. Já a falta de dispositivos e acesso à internet no domicílio dos alunos foi mencionada por 86% dos docentes.
Durante a pandemia, os professores ouvidos também destacaram a perda ou a dificuldade de contato dos alunos com a escola ou com os professores (83%) e as dificuldades no atendimento a alunos com deficiência (76%).