Currículo escolar poderá incluir o tema violação dos direitos humanos na ditadura
Para o deputado, as escolas devem tratar de questões como a tortura e prisões arbitrárias
Educação|Do R7*
A Câmara dos Deputados analisa um projeto de lei, que inclui no currículo das escolas brasileiras o tema "a ditadura militar no Brasil e a violação dos direitos humanos". A proposta, do deputado Renato Simões (PT-SP), altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Segundo o projeto, a medida valerá para escolas públicas e privadas dos ensinos fundamental, médio e da educação básica de jovens e adultos.
Escola usa aulas de respeito e honestidade para combater violência
Para o deputado, as escolas devem tratar de questões como a tortura, as prisões arbitrárias, as mortes, os desaparecimentos e a censura, entre outras violações de direitos humanos ocorridas durante os chamados “anos de chumbo”. Além disso, as escolas deverão abordar o legado autoritário da ditadura para o Brasil.
Na visão de Renato Simões, a história da ditadura ainda hoje é contada nas escolas sob o viés da história oficial construída durante o regime militar (1964-1985).
— A sociedade brasileira está fazendo um encontro de contas com o seu passado, através das comissões da verdade, que vêm recontando a história verdadeira daquele período da ditadura militar. Isso precisa ser assegurado às novas gerações pelo processo educacional, afirma o deputado.
“O projeto permitirá que a juventude de hoje e as pessoas que virão depois nos bancos escolares já se incorporem a essa revisão na história do Brasil”.
Homenagem
Se aprovado, o projeto vai dar origem à Lei Iara Iavelberg. Militante e guerrilheira de extrema-esquerda, Iara integrou a luta armada contra a ditadura militar e foi assassinada por agentes de segurança em 1971, mas foi enterrada como suicida.
Para Renato Simões, a história de Iara é um exemplo de fatos que precisam ser revistos e recontados, inclusive nas escolas.
Resgate da memória
O professor do Departamento de História da UnB (Universidade de Brasília), José Otávio Nogueira, explica que apenas recentemente o Brasil começou a rever o seu processo de “apagamento da memória” do regime militar.
Nogueira, que é coordenador de pesquisa da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da UnB, acredita que o projeto pode ajudar nesse sentido.
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— Comparativamente com outros países latino-americanos, o Brasil chega tarde nessas iniciativas, afirma.
Ele lembra que a Argentina já modificou os seus currículos escolares e que o Paraguai recentemente criou disciplinas obrigatórias no ensino público para refletir sobre o passado autoritário e as violações aos direitos humanos cometidas naquele país.
— Essa iniciativa [no caso brasileiro] se insere numa série de outras que visa dar conhecimento, tornar público o que aconteceu no Brasil nos 20 anos de ditadura militar, diz José Otávio Nogueira.
Tramitação
O projeto de lei ainda será distribuído às comissões temáticas da Câmara.
* Com Informações da Agência Câmara