Pela primeira vez uma mulher leva "Nobel" de matemática
Karen Uhlenbeck é uma das fundadoras da análise geométrica moderna e recebeu a premiação do rei da Noruega pelas "conquistas pioneiras"
Educação|EFE
A americana Karen Keskulla Uhlenbeck se tornou nesta terça-feira (21) a primeira mulher a ser agraciada com o Prêmio Abel, considerado o "Nobel" da matemática.
Karen, de 76 anos, recebeu a premiação das mãos do Rei Harald V da Noruega, pelas "conquistas pioneiras sobre equações diferenciais parciais geométricas, na teoria de gauge e em sistemas integráveis", de acordo com a decisão divulgada há dois meses.
Professora da Universidade do Texas em Austin (EUA), Karen é uma das fundadoras da análise geométrica moderna e conduziu alguns dos avanços "mais espetaculares" nesse campo nos últimos 40 anos, revolucionando a forma de entender as superfícies mínimas.
"Seu trabalho forneceu as bases da análise matemática moderna", disse o presidente do comitê Abel, Hans Munthe-Kaas, em cerimônia realizada hoje na Universidade de Oslo,
Além dos méritos acadêmicos, Karen se destacou na defesa por igualdade de gênero no mundo científico.
"Se eu tivesse nascido cinco anos antes, hoje não estaria aqui", disse ela, lembrando que foi apenas em 1972 que uma reforma legal nos Estados Unidos permitiu que as mulheres tivessem acesso ao curso de Matemática, uma conquista que agradeceu à "onda feminista" da década anterior.
Nascida em Cleveland, em 1942, Karen Uhlenbeck se graduou na Universidade de Michigan e fez doutorado na Universidade de Brandeis, mas foi em Chicago, nos anos 80, que se tornou referência internacional.
A matemática americana sucede o canadense Robert Langlands. O vencedor recebe 6 milhões de coroas norueguesas (R$ 2,7 milhões).
O Prêmio Abel homenageia o matemático norueguês Niels Henrik Abel (1802-1829) e foi criado pelo Parlamento da Noruega em 2002. Anualmente, cinco matemáticos reconhecidos internacionalmente escolhem um destaque para receber a premiação.