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Eleições 2016

Eleições 2016: Lágrimas, tensão e resignação marcam derrota do PT em São Paulo

Manifestantes perderam as esperanças antes mesmo da apuração de 100% das urnas

São Paulo|Caroline Apple, do R7

Haddad lamentou não ir para segundo turno, mas diz ter legado
Haddad lamentou não ir para segundo turno, mas diz ter legado

O sentimento entre os presentes no comitê municipal do PT (Partido dos Trabalhadores) oscilava entre tristeza, tensão e resignação na noite deste domingo (2). Antes mesmo da apuração de 100% das urnasdas Eleições 2016, os números vistos pelo programa de acompanhamento de apuração fornecido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) eram desanimadores.

Os apoiadores mostravam a tensão no rosto e o desânimo nos gestos, muitos sentados ou debruçados em um pequeno balcão ou escorados nas paredes, empunhando bandeiras vermelhas enroladas.

A derrota de Fernando Haddad (PT) já era dada como certa lá pelas 19h por muitos dos presentes no comitê. Andando pelo corredor e dentro do auditório não era incomum, além das feições apreensivas, ouvir frases como "já era". Apesar da resignação, alguns olhares se mantinham firme na tela do computador, na esperança de uma milagrosa virada, que não veio.

Os primeiros sorrisos vistos pela reportagem apareceram nos rostos mais improváveis. Fernando Haddad, sua mulher, Ana Estela, e o vice Chalita chegaram sorrindo e cumprimentando quem estava no caminho até a porta do prédio. 


A imprensa aguardava o pronunciamento de Haddad. Durante a espera, circulou a notícia que o prefeito já teria ligado para João Doria (PSDB) para parabenizá-lo. E a relação deles é mais estreita do que os eleitores podem imaginar. O R7 acompanhou um dia de campanha de Doria, quando soube que os dois não eram tão rivais como pareciam nos debates. Era o jogo político que dava o tom de adversários. 

Enquanto Haddad não chegava até o auditório, apoiadores promoviam momentos tensos e de gritaria contra uma emissora de televisão que entrava no ar ao vivo. "Golpista" era a palavra de ordem entre alguns manifestantes. A ação do grupo gerou pequenos debates na sala. De um lado, alguns concordavam com a intervenção, de outro, criticavam. Mas nada ali era novidade, muito menos para a repórter hostilizada.


Quando Haddad entrou na sala foi recebido com gritos de "Haddad guerreiro do povo brasileiro", um grito clássico dedicado ao ex-presidente Lula, que foi herdado pelo prefeito.

Haddad pediu para que sua esposa sentasse do seu lado direito, Chalita do esquerdo e nas pontas se acomodaram representantes do partido. Padilha acompanhou a declaração de pé e puxou palmas quando o prefeito citou a eleição de Eduardo Suplicy, que ocupará uma cadeira na câmara como o vereador mais votado da história.


Durante o discurso, Haddad mostrou a importância de fazer um processo de transição de governo respeitoso e de qualidade. Os adversários também não estavam preocupados com isso. No mesmo dia que a reportagem passou com a equipe de Doria, apoiadores e assessores falavam sobre a vantagem de ter alguém como Haddad numa situação como essa. Para eles, a transição de governo seria boa, mas não por causa do PT, e sim pela figura do prefeito. Havia tom de admiração nas colocações feitas pela equipe.

Haddad não escondeu a decepção por não ir ao segundo turno e quando falou da dificuldade de chegar onde chegou, Ana Estela fez o primeiro consentimento com a cabeça desde que o marido começou a falar. A palavra paixão apareceu na hora de agradecer os eleitores, alguns deles estavam na plateia e assistiam ao discurso com os olhos marejados.

Após cerca de 10 minutos, Haddad foi embora. Pelo corredor estreito, algumas dezenas de pessoas se apertavam seguindo os passos do prefeito até a porta de saída. Alguns jovens choravam e se abraçavam. Uma delas chegou a soluçar, sendo amparada por Padilha na porta do comitê.

Irritadas, as jovens tentavam emplacar com Padilha a tese de que Haddad deveria "crias uns decretos aí" e até mesmo entregar a prefeitura no vermelho (ignorando o fato do orçamento ter sido aprovado meses atrás e que Haddad poderia responder à Justiça por tal ato). Padilha ponderou e disse que o caminho não era esse e que não faria bem para a população. Foi então que elas passaram a elogiá-lo, como se a raiva não o tivesse atingido a ponto de disparar ideias que poderiam não só prejudicar o adversário, mas como toda a população.

Eduardo Suplicy apareceu e começou a fazer um dos seus conhecidos pronunciamentos que não duram menos de 20 minutos. Mas, desta vez, não demorou porque Suplicy queria falar e, sim, porque ele não conseguia se expressar. Nas costas do vereador eleito jazia dezenas de manifestantes que gritavam descontroladamente contra a imprensa. Em um determinado momento, Suplicy deu uma bronca em um dos manifestantes, que, sem graça, parou de gritar sobre os ombros dele.

Os momentos de tensão entre manifestantes e a imprensa aconteceram mais de uma vez. O R7 presenciou um mal entendido entre um manifestante e um repórter, que havia feito um elogio ao Suplicy, mas que foi ouvido como uma ofensa pelo jovem. Suplicy, mais uma vez, interviu na confusão. O manifestante, visivelmente envergonhado, já trocava as bolas e mudava a versão do fatos.

Alguns manifestantes continuavam na porta do comitê, meio sem rumo, mas não só no dia de hoje, mas sim pelos próximos anos, nos quais terão que se reorganizar e se comportar como oposição nas esferas municipal, estadual e federal.

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