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Eleições 2016

Maratona de candidato tem empurra-empurra, muita fritura e mais de 800 apertos de mão 

R7 acompanhou o tucano João Doria em uma dia de corpo a corpo na zona leste de SP

São Paulo|Caroline Apple, do R7

Doria diz que já tinha experimentado tudo que vem comendo em suas andanças por São Paulo, menos buchada de bode
Doria diz que já tinha experimentado tudo que vem comendo em suas andanças por São Paulo, menos buchada de bode

Em uma hora, o candidato João Doria (PSDB) consumiu 600 calorias, apertou a mão de 172 eleitores e tirou mais de 70 selfies. Estes são alguns dos dados levantados pelo R7, que acompanhou a agenda do político, no último dia 17, pelas ruas de São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo.

O horário marcado para a saída de Doria e de seus assessores era às 10h30, no “centro de estudos da coligação” (nome dado pela equipe do candidato), no Jardim Europa, zona oeste de São Paulo. A fama de pontual reflete em seus funcionários. O primeiro assessor deixa claro nas mensagens: “Chegue no horário, eles não esperam ninguém”. A assessora repete a mesma informação dias depois. Apesar do cuidado com a hora, a caravana partiu com quase uma hora e meia de atraso.

O papo na van era sobre políticas públicas de saúde, com o ex-deputado estadual Milton Flávio, que é o “cara da saúde” de Doria. A conversa rende. Afinal, São Miguel Paulista fica a quase 40 km do escritório das coligações e Milton tem centenas de histórias ao lado de tucanos como Mario Covas. Balinha refrescante foi oferecida para todos. Doria, sentado na frente com o motorista, segue o caminho quieto e atende o telefone em alguns momentos. Conversas rápidas. Às vezes, parava para ouvir alguma “dica” dos seus seguidores sobre a campanha. Ele não estendia o assunto.

O carro estacionou em um posto de gasolina, próximo à Praça do Forró. Fogos começam a estourar sob a Igreja Matriz. Algumas centenas de pessoas aguardavam o político de forma entusiasmada. Alguns cantavam, outros puxam gritos de guerra. Começa a maratona. Empurra-empurra. Abraços, beijos e mais de 170 apertos de mão em uma hora, tempo que foi suficiente para percorrer menos de 1 km.


Uma pequena coletiva é improvisada no meio dos apoiadores. Entre as perguntas, assuntos como Lula, Marta, Haddad. Como gancho, após uma pergunta sobre o nome de batismo da tradicional praça do bairro, Doria aproveita para valorizar a alcunha do logradouro, que segundo o candidato, foi dada por ele, quando era secretario de Mario Covas.

— Fomos os que introduzimos as ruas de lazer. Fizemos aqui a Praça do Forró, que foi um grande sucesso. O nome se consolidou e até hoje é conhecida por esse nome.


No caminho, pessoas ligadas a Doria passam o telefone para ele conversar com padre e até aniversariante do dia.

Comida e caminhada


Chega um dos momentos mais esperados, principalmente pela imprensa: Doria vai comer pastel. A dona da barraca não entende nada. Dezenas de pessoas cercam a tenda. Fotógrafos “invadem” a área interna para ficar de frente para o candidato. Um pastel de queijo é servido. Ele divide ao meio e dá a outra metade para o deputado estadual delegado Olin, que não largou o candidato por um minuto durante todo o trajeto.

A primeira mordida rende dezenas de cliques. Ele posa para as fotos dando uma mordida generosa no pastel. A situação é diferente da vista nas últimas semanas, quando a assessoria de Doria pediu para não o fotografar comendo, depois que o candidato foi criticado pela oposição e eleitores, que não gostaram das expressões que ele fazia enquanto comia alimentos populares, reforçando o estereótipo de “playboy” e “coxinha”.

A caminhada continua. Doria entra em praticamente todos os estabelecimentos comerciais. "Por não ser político", como gosta de dizer, ele aproveita a pequena rejeição. Em uma vitrine, um grupo de meninas escreve de caneta em papel sulfite: “Primeiramente, fora Temer”. Ele vai cumprimentá-las. A investida não rende. Ele segue a jornada.

Mais comida. Agora, uma coxinha de queijo, compartilhada com a reportagem. Um cafezinho de coador adoçado. A movimentação é intensa em torno de Doria. Cada um dá pitacos de como a caminhada deve seguir. Uma apoiadora diz para uma candidata a vereadora: “Fica do lado dele. É bom ter mulher por perto”. Outros gritam: “Cadê as bandeiras flamejando?”.

O passeio vai findando. O caminho foi curto, nem 2 km, mas longo em horas (quase duas) e tumultuado em alguns momentos. Um cabo eleitoral, que não estava com a equipe na van desde o início, pega um dos lugares, sorrateiramente, no carro. “Imperceptível”, com adesivo pelo corpo todo, até na testa, santinhos na mão, camiseta amarela, o idoso finge naturalidade. Não demora muito para um dos funcionários de Doria contar uma história rápida: “Vamos ter que passar naquele lugar lá. Lembra?”. O lugar não existe. O homem, sem escolha, sai da van, cabisbaixo.

Hora do almoço. Uma padaria no caminho para o Shopping Aricanduva, onde seria a próxima parada. Doria pede um americano com peito de peru e um suco de laranja. Só come metade. Assim como o pastel, busca alguém para dividir o sanduiche. Seu cuidado se deve à vida equilibrada e saudável que mantinha antes da campanha. Exercícios diários regulares, consumo zero de álcool, nada de cigarro, peladas com os amigos, quando assume a posição de lateral direito. Tudo um tanto descompensado por causa da nova rotina.

Num bate-papo com o R7, Doria conta que já tinha comido na vida tudo que vem comendo por suas andanças por São Paulo, menos buchada de bode.

— Comi no CTN (Centro de Tradição Nordestina). Eu não conhecia o sabor. Eu diria que é razoável, mas não vai ser minha preferência, mas é razoável.

O gosto vai na contramão do ex-presidente Lula, que mandava buscar quentinhas de buchada de bode, em um restaurante em Brasília, para comer no Planalto.

Entre selfies

A chegada ao Shopping Aricanduva conta com apoiadores em frente a uma loja de departamento. Em 45 minutos, o candidato tirou ao menos 70 selfies.

O passeio segue com trilha sonora. Um violinista faz uma pequena apresentação e passa a acompanhar o candidato pelos corredores enquanto toca hits como Garota de Ipanema.

Em 1h estão todos na van novamente. A próxima parada é um estúdio de gravação na zona oeste, onde ele gravaria programas eleitorais. Mas, à noite, tem mais. Doria iria visitar a festa italiana San Genaro, na Mooca.

E o dia termina com ao menos mil calorias a mais, centenas de selfies e mais de 800 apertos de mão, em média.

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