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“A pena de morte vai livrar a Indonésia das drogas?”, perguntou brasileiro dias antes de ser executado

Preso em 2003 com 13 kg de cocaína em uma asa delta, Marco Archer foi fuzilado no domingo (18)

Internacional|Do R7

Marco Archer (à dir.), ao receber a notícia sobre sua execução
Marco Archer (à dir.), ao receber a notícia sobre sua execução

Assim que recebeu a notícia de que seria executado em três dias pelo governo da Indonésia, o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira perguntou às autoridades: “A pena de morte fará as drogas desaparecerem da Indonésia?”.

O relato dos últimos dias de vida do brasileiro, morto por fuzilamento na madrugada de domingo (18) na ilha indonésia Nusakambangam, é de seu advogado Utomo Karim.

Em entrevista ao site australiano News, Karim contou que só soube do agendamento da execução durante uma visita de rotina a seu cliente.

— Fiquei muito chocado. Assim que chegamos à Cilacap para visitá-lo, fomos repentinamente informados de que Marco seria executado.


O brasileiro, que falava o idioma local após passar mais de uma década no país, recebeu a notícia de três autoridades indonésias.

“Seu pedido de clemência foi rejeitado pelo presidente. Há uma instrução para que seja realizada sua execução. Nós, como Promotoria, temos de informá-lo sobre isso três dias antes da execução”, disse uma das autoridades ao brasileiro, segundo relato de seu advogado.


Segundo Karim contou ao News, foi neste momento em que Marco perguntou sobre como a pena de morte ajudaria a Indonésia a se ver livre das drogas.

“Quem quer que cometa crimes envolvendo o narcotráfico será sentenciado à morte”, respondeu o promotor.


Em seguida, a autoridade lhe perguntou qual seria seu último pedido.

“Encontrar minha família”, disse, segundo relato de seu advogado.

O brasileiro foi executado no domingo por um pelotão de fuzilamento, após passar mais de dez anos preso na Indonésia.

Ele foi detido em 2003, quando tentava entrar no país, pelo aeroporto de Jacarta, com 13,4 kg de cocaína em um tubo de uma asa delta desmontada. A droga foi descoberta por causa de um aparelho de raio-x.

Marco até conseguiu fugir das autoridades, mas foi preso duas semanas depois. No ano seguinte, em 2004, ele foi condenado à morte.

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Desde então, iniciou-se um esforço diplomático brasileiro para livrá-lo do corredor da morte. A primeira vez foi em março de 2005, segundo a Agência Brasil, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou carta a Susilo Bambang Yudhoyono, mandatário indonésio na época.

Em 2012, a presidente Dilma Rousseff aproveitou um encontro com o presidente Yudhoyono, durante a 67ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, e entregou nova carta apelando para que o brasileiro não fosse punido com a pena de morte. Yudhoyono, no entanto, não atendeu aos pedidos.

O atual presidente, Joko Widodo, que assumiu o cargo em 2014 e é considerado ainda mais rígido em relação ao combate às drogas, rejeitou novo pedido de clemência feito na sexta-feira (17), por telefone, pela presidente. Ele já havia adiantado que negaria clemência às 64 pessoas condenadas à morte no país por crimes relacionados com drogas.

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