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Advogado compara senador boliviano que fugiu para o Brasil a Snowden e Assange

Condenado pela Justiça boliviana por corrupção, Roger Molina fugiu do país neste fim de semana

Internacional|Kamilla Dourado, do R7, em Brasília

Roger Molina acenou para jornalistas em frente à casa de seu advogado, em Brasília
Roger Molina acenou para jornalistas em frente à casa de seu advogado, em Brasília

O senador boliviano Roger Pinto Molina, que chegou ao Brasil no último sábado (24) após passar 15 meses asilado na embaixada brasileira em La Paz, fez uma rápida aparição nesta segunda-feira (26) em Brasília. O advogado de Molina comparou a situação de seu cliente com as de Edward Snowden, asilado na Rússia, e Julian Assange, asilado na Embaixada do Equador em Londres.

Em uma rápida aparição no início desta noite em frente à casa de seu advogado, no Lago Norte, região nobre de Brasília, Molina acenou e sorriu para os jornalistas que o aguardavam.

— Amo o Brasil.

Molina está na casa de seu advogado, Fernando Tibúrcio, à espera de uma definição sobre seu futuro no País. Segundo o procurador-geral da Bolívia, o Ministério Público local está analisando os procedimentos para solicitar a extradição do senador.


Mas em conversa rápida com os jornalistas, o advogado de Molina disse que não há a mínima possibilidade de o senador boliviano ser deportado.

— É impossível isso, não há nenhum embasamento legal. [Ele voltará para a Bolívia] só se ele quiser, só se acontecer uma coisa heterodoxa, ele é um exilado.


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Tibúrcio ainda comparou a situação de Molina com a de outros asilados políticos pelo mundo.

— É a mesma situação de [Julian] Assange, no Equador e [Edward] Snowden, na Rússia.

O australiano Julian Assange, fundador do WikiLeaks, é acusado de abuso sexual pela Justiça sueca. Por temer ser extraditado para os EUA, em razão das denúncias publicadas pelo WikiLeaks, ele está asilado na Embaixada do Equador em Londres desde junho de 2012. Já Edward Snowden é o ex-técnico da NSA (Agência Nacional de Segurança) que vazou documentos sobre os programas secretos de espionagem do governo norte-americano. Procurado pela Justiça norte-americana, Snowden está asilado na Rússia.

Entenda o caso

Roger Pinto Molina é um dos principais parlamentares de oposição ao governo do presidente boliviano, Evo Morales. Alegando perseguição política, desde 8 de junho de 2012 ele vivia na embaixada brasileira na Bolívia em condição de asilado. Mas, segundo o governo boliviano, o pedido de asilo foi solicitado por Molina para que ele não respondesse na Justiça a crimes de danos econômicos ao Estado calculados em pelo menos US$ 1,7 milhão. Ele responde a cerca de 20 processos.

A condição para deixar a Bolívia com destino ao Brasil era o presidente Morales conceder um salvo-conduto, que é uma permissão dada a determinada pessoa para que ela transite pelo território com a segurança de não ser presa. A principal polêmica sobre o caso está no fato de Molina ter saído sem receber o salvo-conduto ou qualquer autorização de fronteira, e com o apoio de autoridades brasileiras.

Para chegar ao Brasil, Molina saiu de carro de La Paz na sexta-feira (23) e seguiu até Corumbá (MS). O percurso de mais de 20 horas foi feito por um carro da embaixada brasileira. A autorização foi dada pelo chefe de chancelaria, ministro Eduardo Saboia, que substitui temporariamente o cargo de embaixador.

De Corumbá, Molina seguiu para Brasília em um avião. O parlamentar boliviano desembarcou à 1h10 de domingo (25) no aeroporto de Brasília, acompanhado pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.

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