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Alberto Fernández coloca o rock argentino na Casa Rosada

Conhecido como fã de rock, por tocar violão e compor, Alberto Fernández assume o principal cargo da Argentina nesta terça-feira (10)

Internacional|Do R7, com EFE

Fernández se encontrou com a cantora Patti Smith durante a campanha
Fernández se encontrou com a cantora Patti Smith durante a campanha

Quando tomar posse como presidente da Argentina nesta terça-feira (10), Alberto Fernández se tornará o governante mais próximo do rock nacional a ocupar a Casa Rosada. O peronista já disse que vai levar seu violão e suas canções para dentro da residência presidencial.

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Ele conta que, quando deixou sua função de chefe de gabinete de Néstor Kirschner, que ocupou entre 2003 e 2008, encontrou em uma caixa algumas letras que ele transformou em canções. Fernández é fã declarado de Litto Nebia, considerado o pai do rock argentino, e deu o nome de Dylan (em homenagem a Bob Dylan) para seu cachorro.

Política e rock desde a adolescência


"É um gosto que vem até antes de seus interesses políticos. O ano em que ele começou a comprar discos foi também o ano em que começou a militar. Também foi um ano muito importante em ambas as áreas na Argentina: 1973", disse à Efe o jornalista e professor de cultura rock e política da Universidade de Buenos Aires, Juan Ignácio Provéndola.

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Naquele ano, enquanto os grupos de rocks se espalharam pela Argentina, o país viu o regresso do ex-presidente Juan Domingo Perón, que foi para seu segundo e último mandato depois de 18 anos no exílio.


No "Festival da Vitória Peronista", o rock era a trilha da volta e da vitória de Perón, que acabava de vencer as eleições após a penúltima ditadura argentina, que durou de 1966 a 73.

Alberto, ainda adolescente, foi ao festival ver artistas que começavam a despontar e dpeois se tornariam lendas do rock argentino: Nebbia, Sui-Generis (a primeira banda de Charly García), Leín Giecco e Pescado Rabioso, liderada por Luis Alberto Spinetta.


Provéndola destaca que essas bandas foram "influenciadas pelos movimentos pacificas dos EUA", pelos protestos contra a guerra do Vietnã. Fernández chegou a dizer que foi o próprio Litto Nebbia que o ensinou a tocar violão.

"A influência tem a ver com esse primeiro rock argentino, de classe média e de Buenos Aires. Para os jovens era encontrar uma expressão cultural fora do que queriam impôr os poderes hegemônicos, que no caso eram os governos militares", explica Provéndola, que escreveu o livro "Rockpolitik", que explica a relação entre o rock e a política no país.

O violão, um diferencial

O presidente Maurício Macri disse durante seu mandato que gostava de Queen — e há imagens dele cantando músicas da banda de Freddie Mercury —, mas sempre declarou que preferia a cumbia. Fernandez se mostrou diferente.

"Sempre tiro um tempo para escutar, para tocar violão, para compor. Gosto muito da música", disse o presidente eleito em uma entrevista à emissora local Mega.

Em diversas ocasiões, Macri destacou sua afinidade com o futebol, uma das paixões nacionais da argentina. Ele dizia que jogava em seu tempo livre e, antes de ser eleito, foi presidente do Boca Juniors.

Fernandez não é alheio ao futebol: em sua conta no Twitter, se mostra torcedor do Argentinos Juniors, curiosamente a equipe dona do estádio onde aconteceu aquele importante festival em 1973.

"Na melhor das hipóteses, ele se deu conta de que os argentinos esperam discursos mais profundos que suas opiniões sobre futebol, que na Argentina já tem gente falando sobre futebol de sobra. O mais interessante que Fernández pode trazer em termos de discurso vem de outras fontes", afirma Provéndola.

E então aparece o rock. Tanto na campanha como depois dela, Alberto Fernández foi visto com músicos como a norte-americana Patti Smith, o uruguaio Jorge Drexler, o argentino Gustavo Santaolalla e os espanhóis Joan Manuel Serrat e Joaquín Sabina.

"No rock aparece uma linguagem que não foi muito utilizadas por políticos, que no caso dele parece ainda mais legítima porque não fala só dos discos, mas também sabe tocar violão. São novidades que acho que o aproximam da cultura popular", afirma o jornalista, que ressalta que nada disso significa que suas políticas como um todo e com a cultura em particular vão ser boas.

Um compositor para reconstruir a Argentina

O líder da banda indie argentina Él Mató a un Policia Motorizado, Santiago Barrionuevo, falou sobre as qualidades musicais de Fernández com a Efe.

"Ele toca violão muito bem, canta bem, tem uma voz linda, um tanto rouca, mas ele pode pode tocar muito bem e acabar um mau presidente", alerta.

Diante dos desafios que Fernández vai enfrentar para recuperar a economia argentina, que está em crise desde abril de 2018, o novo presidente vai ter que usar muito o violão para relaxar. E, com o ritmo vertiginoso do Executivo do país, ele vai acumular experiências para, quem sabe, escrever um terceiro disco.

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