Após aumento da violência, estudantes suspendem diálogo com governo de Hong Kong
Manifestantes pró-democracia e contrários ao movimento entraram em confronto
Internacional|Do R7

Os estudantes que lideram os protestos pró-democracia em Hong Kong anunciaram nesta sexta-feira (3) a suspensão do diálogo estipulado com o governo para solucionar o futuro político da ilha.
A decisão responde aos episódios de violência registrados hoje, quando grupos de manifestantes foram atacados por cidadãos contrários a suas reivindicações com a conivência das autoridades, afirmaram as organizações que lideram os protestos.
"Não temos outra escolha além de suspender o diálogo, depois que o governo e a polícia viraram suas costas hoje para as ações violentas de grupos dirigidos contra os manifestantes", anunciou a Federação de Estudantes de Hong Kong, uma das organizações que lideram os protestos.
Manifestantes entram em confronto em Hong Kong
Vários grupos de cidadãos contrários aos protestos atacaram hoje os manifestantes nos distritos de Causeway Bay e Mong Kok, este último um dos bairros de maior densidade populacional em Hong Kong, onde ocorreram as situações mais tensas do dia.
A Agência Efe constatou que quase mil cidadãos encurralaram um grupo com centenas de estudantes em Mong Kok, e tentaram desmantelar seu acampamento montado na rua.
Agentes da polícia organizaram uma corrente humana para conter os cidadãos enfurecidos contra os jovens, mas foram derrubados. Segundo os estudantes e participantes do protesto pró-democracia, os opositores atiraram garrafas de água contra eles e as autoridades "não fizeram nada".
Um jovem contou ao jornal South China Morning Post que foi jogado no chão e agredido e que a polícia não fez nada. "Apresentarei uma denúncia (contra os agentes)", garantiu.
Benny Tai, um dos fundadores da organização Occupy Central — uma das principais no movimento — afirmou que foram ataques organizados pelo governo de Pequim. Essa teoria foi bastante mencionada hoje por muitos jovens nas manifestações, que estão protestando de forma pacífica durante os últimos seis dias de mobilizações.
"Quase não há policiais suficientes para tanta gente descontrolada e não estão nos ajudando enquanto os outros nos insultam, agridem e atiram objetos contra nós", declarou para a Efe Lie Hu, de 24 anos.
Segundo Hu, muitos dos cidadãos contrários às manifestações chegaram ao local em ônibus fretados vindos da fronteira com a cidade chinesa de Shenzhen, pois "o governo de Pequim, pagou para que eles estejam aqui".
"Chegaram do nada, foram pagos pelo governo, não são daqui, não falam bem o cantonês (dialeto do chinês falado em Hong Kong)", explicou para a Efe uma jovem de 26 anos chamada Cynthia, integrante do movimento pró-democracia.
O sexto dia de protestos começou com menos manifestantes do que os anteriores, horas depois que o chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, propôs o diálogo para tentar buscar uma solução, mas se negou a apresentar sua renúncia, uma das exigências dos manifestantes.
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