Brasileiro derrota mexicano e é eleito o novo diretor-geral da OMC
O embaixador brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo, de 55 anos, teve o apoio dos Brics, além dos países de língua portuguesa, de várias nações na América Latina, Ásia e África
Internacional|Do R7, com Agência Brasil e Ansa
A OMC (Organização Mundial do Comércio) definiu, nesta terça-feira (7), que o novo diretor-geral da entidade será o embaixador brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo, de 55 anos. O cargo foi disputado com o mexicano Herminio Blanco, de 62.
Esta é a primeira vez em que um latino-americano é eleito para um mandato completo de quatro anos na entidade. O placar da votação, porém, ainda não foi divulgado.
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Azevêdo é embaixador do Brasil na OMC desde 2008 e, apesar disso, se diz contrário à política comercial do governo Dilma Rousseff.
Azevêdo começou sua carreira no Itamaraty em 1984 e foi o principal assessor econômico do então ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia. Ele também participou, em 2001, da criação da Coordenação-Geral de Contenciosos do Itamaraty.
Em 2005, Azevêdo se tornou chefe do departamento econômico do ministério e, no ano seguinte, foi subsecretário geral de assuntos econômicos, cargo que ocupou até 2008.
O novo diretor-geral assume o cargo em 31 de agosto, substituindo o francês Pascal Lamy. Até a última segunda-feira (6), a eleição estava bem disputada, segundo negociadores brasileiros. O anúncio oficial será feito na quarta-feira (8).
Na eleição da OMC, cada um dos 159 países que integram o órgão vota no nome de sua preferência. Para vencer, Azevêdo precisou ter um mínimo de 80 votos e obter consenso entre as nações. A escolha foi feita em três etapas. Inicialmente, haviam nove nomes e todos os candidatos concorreram. Na segunda, encerrada no dia 25, ficaram cinco candidatos. Nesta última fase apenas dois concorrentes estavam na disputa.
O processo de eleição para a OMC começou no fim de março, com nove candidatos. No fim de abril, a OMC comunicou que tinham passado à fase final apenas os candidatos do Brasil e do México. Os presidentes Dilma Rousseff e Enrique Peña Neto, do México, participam diretamente das negociações, dando telefonemas e conversando com os líderes mundiais.
Na segunda-feira, a União Europeia e a Croácia, que têm 28 votos, fecharam o apoio ao mexicano. Mas os negociadores brasileiros mantiveram o otimismo, pois o processo eleitoral na OMC envolve também a articulação pelo consenso, e não apenas o voto. No caso, é possível mudar de posição até o último momento.
Azevêdo teve o apoio explícito dos Brics (grupo formado pelo Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul), além dos países de língua portuguesa, de várias nações na América Latina, Ásia e África. Desde 2008, ele é o representante permanente do Brasil na OMC, está diretamente envolvido em assuntos econômicos e comerciais há mais de 20 anos.
O embaixador brasileiro, que é diplomata de carreira, foi chefe do Departamento Econômico do Ministério das Relações Exteriores de 2005 a 2006 e chefiou a delegação do País nas negociações da Rodada Doha da OMC, sobre liberalização de mercados.
Outros cargos internacionais envolvendo brasileiros
O governo brasileiro está empenhado na eleição do ex-ministro Paulo Vannuchi para uma das três vagas da CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA). Os ministros das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, reuniram-se nesta terça-feira (7) com representantes de 21 países, entre eles embaixadores residentes em Brasília. A eleição ocorrerá em junho.
O brasileiro José Graziano da Silva, que foi coordenador do programa Fome Zero durante o governo Lula, é desde 2011 o diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) com sede em Roma, na Itália.
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