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Catástrofes naturais revelam desigualdade entre países

Questão ética é levantada em relação a empresas que lucram nestas ocasiões

Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7

Catástrofes são prejudiciais à economia, segundo professor
Catástrofes são prejudiciais à economia, segundo professor Catástrofes são prejudiciais à economia, segundo professor

A passagem de um furacão como o Irma também expõe a desigualdade que prevalece em boa parte do mundo atual. Enquanto para muitos países o desastre natural causa uma destruição catastrófica, para algumas empresas de outros se torna uma oportunidade de negócio.

Nos Estados Unidos, empresas têm se especializado em monitorar os fenômenos naturais e orientam empreendimentos, com base nestas informações, vindas da Noaa (National Oceanic and Atmospheric Administration), departamento do governo americano que acompanha fenômenos meteorológicos e de clima.

O R7 recebeu uma mensagem de uma destas empresas, listando uma série de oportunidades que podem resultar de catástrofes naturais. Havia a afirmação de que tais desastres movimentam a economia. O texto destaca que fenômenos naturais geram oportunidades de investimentos como ações, novos negócios em construção residencial e comercial, além de manutenção e prevenção imobiliários.

Para o professor de Geografia Física da Universidade de São Paulo, Fernando Nadal Junqueira Villela, trata-se de uma situação delicada, que deveria ser vista com cautela, já que, na visão dele, tais catástrofes são na verdade prejudiciais à economia, beneficiando apenas alguns grupos.

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— A questão ética no aproveitamento de desgraças deve estar presente. Falar que o desastre movimenta a economia dá a entender que é bom para todos, quando essa renda é apenas concentrada em determinados setores.

Em certas regiões da Ásia e da África, Villela conta que empresas de mineração entram com discurso de que farão compensação para resgatar perdas com terremotos. Segundo ele, a real intenção delas em geral é a extração desenfreada.

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— Muitas vezes o efeito colateral é acentuar as desigualdades, em vez de haver a reversão do desastre.

Em várias regiões e países, como o Haiti e a República Dominicana, faltam infraestrutura, condições de saneamento básico, disponibilidade de serviços de energia e distribuição de água, para a reconstrução. O próprio furacão Harvey deixou cerca de 30 mortos nos Estados Unidos, na semana passada, e equipes do governo se mobilizaram para dar assistência à população mais vulnerável. O país, no entanto, possui recursos para se recuperar após essas catástrofes, algo que países como o Haiti não têm.

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Devastador, furacão Irma atinge ilhas do Caribe e Flórida se prepara

Outro furacão, o Katrina, em 2005, deixou mais de 1 mil mortos no Texas e trouxe prejuízos de mais de 100 bilhões de dólares ao governo americano para a recuperação da região. Já o Matthew, em 2016, também devastou o Haiti, causando também cerca de 1 mil mortes mas, em muitas situações como essa, a devastação no local nunca mais é revertida, o que evidencia também a ampla desigualdade entre países causada por um fenômeno natural. Sobre isso, Villela destaca:

— Processos naturais não distinguem classe social ou projeção pessoal nenhuma. Trata-se de uma questão geográfica associada a lógicas naturais. O lucro a partir de eventos dessa magnitude, como o Irma e o Harvey, traz um raciocínio até perverso de como se aproveitar deles para tirar benefícios.

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