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Chilenos vão as ruas em busca de verdade e justiça 40 anos depois de golpe

Internacional|

Santiago do Chile, 8 set (EFE).- Dezenas de milhares de chilenos se manifestaram nas principais cidades do país neste domingo, às vésperas de o golpe de estado completar 40 anos, em 11 de setembro, para exigir o esclarecimento dos crimes da ditadura e a punição aos violadores dos direitos humanos. A maior manifestação popular aconteceu na capital, Santiago, onde, segundo fontes policiais cerca de 30 mil pessoas responderam à convocação da Assembleia Nacional dos Direitos Humanos, que reúne familiares das vítimas, grupos sociais e de esquerda. Os manifestantes, que levavam retratos com rostos e nomes de pessoas assassinadas, percorreram os quatro quilômetros que separam a Avenida Alameda e o Memorial do Executado Político e o Detido Desaparecido, no cemitério geral. Este ano, o principal ato de homenagem às vítimas da ditadura foi precedido de uma série de gestos e pronunciamentos em favor da reconciliação. A Associação de Magistrados do Chile, a mais importante do país, pediu perdão por suas "ações e omissões" durante o regime militar, enquanto a Corte Suprema reconheceu "que não fez o suficiente durante a ditadura", apesar de evitar o termo perdão. O presidente chileno, Sebastián Piñera, denunciou que nem o Poder Judiciário nem os meios de comunicação fizeram tudo o que deveriam para parar as atrocidades ocorridas durante o regime do general Augusto Pinochet. Mas para as vítimas, nada disto é suficiente enquanto não se estabelecer a verdade histórica e os tribunais aplicarem com rigor a lei para todos os responsáveis das violações aos direitos humanos. "Nós não somos obrigados a perdoar. Em vez de pedirem perdão, queremos que comecem a fazer justiça e reconheçam a verdade sobre o que aconteceu neste país", declarou a Agência Efe Lorena Pizarro, presidente do Grupo de Familiares de Detidos Desaparecidos, uma das organizações que convocou a passeata deste domingo. Lorena cobrou que o Parlamento aprove leis que ponham fim a um Estado que, para ela, "não é verdadeiramente democrático e que vive sob uma constitucionalidade autoritária", em referência à atual Carta Magna, que embora tenha sido reformada várias vezes, foi redigida e aprovada na ditadura militar. Alicia Lira, presidente da Associação de Familiares de Executados Políticos, disse que anseia por não ter de esperar outros dez anos para que a Justiça faça seu trabalho. "Os que hoje pedem perdão, esperaram 40 anos para isso. Nós exigimos fatos concretos, não nos interessa uma reconciliação baseada na impunidade", enfatizou. Além dos juízes, alguns políticos reconheceram sua responsabilidade no golpe de Estado que em 11 de setembro de 1973 derrubou o presidente socialista Salvador Allende. O atual ministro do Interior, Andrés Chadwick, disse sentir um "profundo arrependimento por ter sido partidário de um governo que violou os direitos humanos", enquanto o senador de direita Hernán Larraín fez um mea culpa ao lançar um livro intitulado "Vozes para a reconciliação". A vice-presidente do Grupo de Familiares de Detidos Desaparecidos, Mireya García, declarou que estes gestos de arrependimento não tem sentido "porque são abstratos, não têm conteúdo". García, que assistiu neste domingo à manifestação de Santiago, disse que o requisito para o perdão é "haver uma proposta que efetivamente avance em resolver os temas pendentes, que são a verdade, a justiça e a memória". A passeata terminou com distúrbios protagonizados por alguns jovens que montaram barricadas e jogaram pedras e coquetéis molotov. A polícia usou gás lacrimogêneo e jatos de água para dispersar os encapuzados e fez algumas prisões. Dirigentes sociais consideraram que a atuação da polícia foi desmedida e arbitrária. O ex-líder estudantil e atual candidato a deputado por Santiago Giorgio Jackson denunciou a "repressão policial" de uma manifestação pacífica, enquanto Alicia Lira, disse que mesmo depois de 40 anos do golpe a polícia continua reprimindo os jovens na rua. EFE mf/cd (foto) (vídeo)

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