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Combate ao crime na fronteira deve ser feito nas ruas das cidades do Brasil, alerta especialista

Assalto a transportadora no Paraguai mostra dificuldade de controle nos Estados do Brasil

Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7

Assalto à transportadora Prosegur mostra crescimento do crime
Assalto à transportadora Prosegur mostra crescimento do crime Assalto à transportadora Prosegur mostra crescimento do crime

Uma fronteira marcada pela existência da Ponte da Amizade, entre Brasil e Paraguai, tem se tornado também cenário da ação do crime organizado, com o PCC (Primeiro Comando da Capital) se expandindo para assumir o controle da região, na opinião de um dos maiores especialistas do Brasil em crime organizado transnacional, o professor Leandro Piquet, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo.

E, neste novo cenário, consequência inclusive de cenários anteriores ligados a outros tipos de crimes "mais leves", como o contrabando, as autoridades precisam cooperar de forma harmônica, sem passar responsabilidades umas as outras, conforme afirmou o especialista.

— As autoridades da segurança pública dos Estados precisam entender que parte do jogo está sendo jogada lá (nos Estados) e cooperar. Esta é uma esfera que envolve não só o governo federal, mas a estrutura de segurança pública de São Paulo, que fica nesse diálogo maluco, com o secretário e o governador falando que o Estado não produz o armamento, não produz cocaína... mas a batalha não é essa, é na rua, o combate tem de ser lá, o que ocorre na fronteira depende do que ocorre na rua.

O assalto à transportadora Prosegur, na paraguaia Ciudad del Leste, nesta segunda-feira (24), no qual se especulou que foram roubados até US$ 40 milhões (cerca de R$ 120 milhões) por um grupo de até 50 pessoas, evidencia a mudança de dimensão da criminalidade local, mesmo que a participação do PCC não tenha sido ainda confirmada. Foi o maior assalto deste tipo na história paraguaia.

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Piquet ressalta que o atual cenário na região retrata esta transnacionalização do PCC, com o grupo e seus aliados se expandindo também por meio da lavagem de dinheiro e da criação de rotas de tráfico de drogas, além da chegada clandestina de produtos falsificados exportados da China para o Paraguai.

A ação do PCC na região, segundo o professor, é decorrente do fato de no Paraguai ainda existir um ambiente propício para a criminalidade, por causa de uma fragilidade institucional não solucionada.

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— O Paraguai acaba sendo interessante para esses grupos por ser local onde há lavagem de dinheiro, falsificação de produtos, são atividades ilícitas que geram oportunidades para o crime. Quando há a expansão do crime organizado e ele atinge um ambiente propício, ele tenta dominar.

Oligarquias locais

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No Paraguai, segundo Piquet afirmou, baseado em estudos em países da América Central com características similares, as oligarquias locais se beneficiam dos recursos da criminalidade, já que a infraestrutura do país não facilita a obtenção de renda em outras atividades.

— Comparando com o Brasil, lá não tem Petrobrás, Previ, nenhuma alternativa para as elites políticas e de segurança, que então precisam extrair renda principalmente do ilícito. Onde o Estado é fraco, com renda baixa, essa assoicação entre elite e crime acontece de forma direta. No Brasil isso ocorre localmente, mas não nacionalmente. Não há um Estado brasileiro controlado por organizações criminosas.

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Ao R7, funcionário da Superintendência da Polícia Federal no Paraná disse que os policiais estão monitorando qualquer atividade criminosa na fronteira, ressaltando que esta é uma atribuição da Polícia Federal. Também ressaltou que está havendo acompanhamento com relação ao acesso à Ponte da Amizade, assim como contatos entre os serviços de inteligência dos dois países.

Piquet afirma que o bloqueio de fronteiras não é solução, baseado na sua convicção de que o combate à criminalidade deve ser prioritariamente direcionado às questões internas, tanto do Brasil, em relação à criminalidade urbana, quanto do Paraguai, em relação às suas instituições enfraquecidas.

— Deve ser montada uma estratégia de contenção que seja ampla e haver intervenção na fronteira de forma inteligente, seletiva. Não adianta ficar pensando em bloqueios, drones, muros, nada disso vai funcionar numa região tão vasta.

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