Cruz Vermelha diz que ebola poderá ser controlado em quatro ou seis meses
Se os isolamentos e tratamentos forem feitos adequadamente, esta é a melhor previsão
Internacional|Do R7
O secretário-geral da Cruz Vermelha, Elhadj As Sy, afirmou nesta quarta-feira (22) que, se tudo der certo, "o surto de ebola poderá ser controlado nos próximos quatro ou seis meses".
"Se os isolamentos e tratamentos adequados forem realizados nos casos confirmados, e se forem tomadas medidas dignas e seguras para separar os afetados pela doença, como foi feito no passado, essa é a nossa melhor previsão", disse em Pequim, onde participa da Conferência Ásia-Pacífico.
Enfermeira americana é curada do ebola e deixará isolamento
Ebola: Cruz Vermelha recolhe mais de 100 corpos por dia em Serra Leoa
As Sy comentou que está sendo feito "todo o possível para mobilizar recursos" e enfatizou a importância de "fortalecer os sistemas de saúde dos países afetados, investir nessas comunidades".
Com cerca de 9.000 contagiados e mais de 4.500 mortos na Libéria, Serra Leoa e Guiné, onde a epidemia ainda avança, o senegalês insistiu que este é o momento "de reforçar seus sistemas para que, no futuro, possam enfrentar melhor uma crise semelhante".
"Tenho muita confiança na mobilização e, se formos rápidos, já que o tempo é fundamental, será possível conter a epidemia", afirmou em entrevista coletiva em Pequim.
A respeito dos contágios nos Estados Unidos e na Espanha, onde a auxiliar de enfermagem Teresa Romero foi curada da doença, As Sy disse que a evolução dos casos nesses países prova "que é possível conter a doença quando se tem os recursos, a tecnologia e o controle necessários".
Sobre a resposta da comunidade internacional para o ebola, o secretário da Cruz Vermelha considerou que "foi bastante boa e que, embora ainda seja possível ampliá-la, foi relativamente bem financiada".
As Sy ressaltou que a China teve um papel importante e que, "enquanto outros saíam das nações afetadas", o país asiático "enviava pessoal, laboratórios e ajuda médica". Segundo ele, "os países afetados avaliam e passam a saber quem são seus amigos".
Com esperança de que o pânico não se espalhe, o ex-diretor-geral da Unicef para a África Oriental e para o sul do continente considera que o medo "só leva a medidas irracionais, como fechar as fronteiras. A única solução virá com a união de esforços para conter o vírus", disse. Para Elhadj As Sy, o sistema de controle nos aeroportos dos países afetados é muito mais eficaz do que nos de chegada.
Segundo ele, também "é muito mais eficiente" medir a temperatura ou isolar casos suspeitos nos aeroportos nos países com surto do vírus.
"A melhor resposta para a crise é conter o ebola onde ele estiver agora e evitar o medo e o pânico. Infelizmente, o único país que tem a verdadeira capacidade de resposta é aquele que foi afetado, já que vai aprendendo com a experiência", disse.
O secretário-geral do órgão marcou presença na cúpula regional, que conta com 200 representantes de 49 sedes da Cruz Vermelha do Oriente Médio, Ásia e Pacífico, e ocorre até sexta-feira (24), em Pequim.