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Especialistas temem aumento da "islamofobia" após ataque contra jornal em Paris

Homens armados invadiram a sede do Charlie Hebdo e mataram 12 pessoas na quarta-feira

Internacional|Do R7

Milhares de pessoas se reuniram em Paris para se manifestar contra o ataque
Milhares de pessoas se reuniram em Paris para se manifestar contra o ataque

O alto comissário das Nações Unidas para Direitos Humanos condenou o ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo, que matou pelo menos 12 pessoas e deixou vários feridos na quarta-feira (7).

De acordo com informações da Agência Brasil, Zeid Al Hussein afirmou estar preocupado com a possibilidade de que este ataque cause um aumento da xenofobia e sentimento contra imigrantes, que segundo ele estão crescendo na Europa.

Hussein afirmou que "o ataque a sangue frio" fere a liberdade de expressão e opinião que são a base de uma sociedade democrática. Segundo ele, os que tentam "dividir comunidades usando religião, etnia e outras razões" não devem sair ganhando.

Especialistas entrevistados pelo R7 compartilham a mesma preocupação de Hussein, principalmente porque, nas últimas semanas, diversas manifestações que, ao generalizar minorias radicais, se colocam contra a presença de muçulmanos na Europa.


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Para o Sheik Houssam El Boustani, teólogo especializado em islã, o atentado de ontem pode ter sido uma reação a forma como os muçulmanos estão sendo tratados no continente.


“Os muçulmanos europeus fazem parte de seus países, então, como pessoas podem dizer que não querem mais os muçulmanos ali?”, alerta Boustani.

— Você acha que os muçulmanos não vão reagir? Acaba que algum louco, usando a religião como desculpa, resolve fazer alguma coisa.

Para o Sheik, os governos europeus precisam criar medidas que façam com que os membros da religião islâmica se sintam acolhidos, entendidos e parte importante das nações europeias.

— Desde o término da 2ª Guerra Mundial, muitos muçulmanos vivem na Europa. São gerações que já nasceram lá e que não podem ser marginalizadas.

A professora Lidice Meyer, da pós-graduação em ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie, lembra que, mesmo antes de qualquer grupo reivindicar a autoria do ataque, o presidente francês, François Hollande, já classificou o ataque um ato terrorista, ligado à religião.

“Com toda imprensa também declarando coisas assim, isso tende a aumentar a xenofobia no país, que já é muito grande”, explica Lidice.

— Na França, há situação específica porque existem restrições colocadas pelo governo contra a prática de algumas religiões. Houve a proibição do uso da burca, restrição de alguns símbolos religiosos em locais públicos. Isso já é uma espécie de uma agressão do próprio governo francês contra os estrangeiros que estão na França tentando praticar sua religião.

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