Ex-presidentes latino-americanos discutem a crise venezuelana enquanto Maduro fala em golpe militar
Em entrevista ao canal nacional VTV, presidente chamou líderes de “filhos de Pinochet”
Internacional|Do R7
Os ex-presidentes do Chile, Sebastián Piñera, da Colômbia, Andrés Pastrana e do México, Felipe Calderóndurante o encontro “O Poder cidadão e a democracia de hoje”, ocorrido na última segunda-feira (26) em Caracas, manifestaram preocupação com a situação econômica e política da Venezuela.
No evento, eles também mencionaram desconforto em relação a condição de Leopoldo Lopez como preso político, além de uma suposta censura exercida por Maduro contra a liberdade da população.
Em seu discurso, o representante chileno incentivou aos venezuelanos a lutarem pela defesa da democracia:
—A liberdade é um conceito integral e eu prefiro o barulho da liberdade de expressão ao silencio dos cemitérios.
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O evento foi organizado pelos líderes oposicionistas Marina Corina Machado e Antônio Ledezma e tinha como objetivo discutir a nova democracia no país.
Marina Machado diz ao público que a presença não era só de estudantes, intelectuais e políticos e sim de donas de casa e trabalhadores que sofrem com os absurdos impostos em uma democracia cada vez mais inexistente.
A líder de oposição e ex-deputada fez também referência a um governo que pretende dividir a sociedade venezuelana, e afirmou que as pessoas cansadas do sistema atual, hoje são maioria.
Durante o evento, os ex-mandatários latino-americanos declararam que é possível falar de transição democrática do poder na Venezuela, sem violência e com fins pacíficos.
Machado comunicou também que a transição do poder na Venezuela já começou e agradeceu assim a visita dos ex-mandatários. “Nestes 16 anos sempre contamos com a ajuda dos países irmãos, sua presença demostra que a Venezuela não está sozinha e por isso hoje temos mais força” expressou.
O ex-presidente da Colômbia, Andrés Pastrana, comentou que a crise de desabastecimento e de segurança da Venezuela tem sido um acontecimento muito impactante para o país:
— A gente não pode fingir que não enxerga ou que não ouve, o que acontece com Venezuela dói no coração da Colômbia, e dói muito.
Ele também afirmou que o poder mais forte e transparente é o poder do cidadão e que nas mãos da população encontra-se uma possível transição de governo.
Já o ex-presidente mexicano Felipe Calderón qualificou sua visita como uma prova de fraternidade e de solidariedade com os venezuelanos:
— Tenho vindo manifestar meu apoio à Venezuela e não a brigar com Maduro.
Calderón também afirmou que a Venezuela não pode continuar do jeito que está, porque a população está sofrendo nas ruas, nos bairros e no transporte público. “Este é um momento social e econômico muito difícil para o país” declarou.
Durante o fórum, uma carta do presidente da Costa Rica foi lida. Nesta o mandatário expressou o seu apoio à Venezuela e aos ideais de liberdade e democracia.
Indignação
Irritado, o presidente Nícolas Maduro afirmou que o encontro dos mandatários faz parte de um plano de guerra econômica para tirá-lo do poder e acrescentou que os líderes precisam ter vergonha por tentar de impor o "regime de Pinochet" na Venezuela.
Em entrevista ao canal nacional VTV, o líder venezuelano mencionou que a oposição precisa ter vergonha por convocar representantes fascistas para planejar um golpe de estado. Maduro também diz que a Venezuela presenciou novamente o rosto do fascismo que estragará a economia, e chamou os mandatários de filhos de Pinochet.
“O que todos precisam saber é que estes ex-presidentes estão sendo pagos pelo narcotráfico, e que vem a ajudar no planejamento de um Golpe Militar contra o meu governo” desabafou Maduro.
Em discurso, os ex-mandatários responderam ás declarações feitas pelo presidente venezuelano e disseram que eles eram livres de participar de um fórum para discutir a democracia. Andrés Pastrana afirmou que não considera ter faltado com respeito em momento nenhum em relação ao mandatário venezuelano.
Ele alegou que existem valores e princípios que não conhecem fronteiras, entre eles estão a liberdade, a democracia e o respeito aos Direitos Humanos. “Se Maduro quer respeito ele deve começar apreendendo a respeitar aos outros” desabafou Pastrana.
No entanto, Maduro informou que já possui uma agenda cheia de estratégias para pôr fim à guerra econômica e aos opositores que tentam tira-lo do governo. “A gente já está analisando a defesa contra a tentativa de golpe” diz o presidente e afirmou que uma reunião junto aos movimentos populares e as forças armadas será realizada nos próximos dias.