Em meio a um forte dispositivo de segurança na Cidade do México, Ovidio Guzmán, filho de Joaquín "El Chapo" Guzmán, que foi preso na madrugada de quinta-feira (5) na cidade de Culiacán, estado de Sinaloa, foi transferido para a mesma penitenciária de onde seu pai fugiu.
Em uma estratégia de segurança e para não tornar a informação pública, as autoridades mexicanas enviaram primeiramente um comboio de oito viaturas, que saiu por volta das 17h30 (horário local, 20h30 de Brasília) da Procuradoria Especializada em Crime Organizado (Femdo), na capital mexicana, e, depois das 18h (21h), um helicóptero decolou do mesmo local.
Ambos tiveram como destino o Centro Federal de Readaptação Social (Cefereso) número 1 Altiplano — também conhecido como prisão de Almoloya —, localizado no estado do México, onde El Chapo esteve detido e de onde fugiu em 2015.
Nos arredores da prisão também foi implantado um esquema de segurança com pelo menos uma dezena de viaturas do Exército e da Guarda Nacional.
A prisão de Ovidio Guzmán ocorreu na madrugada e gerou vários distúrbios na cidade de Culiacán, capital do estado de Sinaloa, no noroeste do país.
Após sua captura, as Forças Armadas transferiram o filho de El Chapo para a capital mexicana e o puseram à disposição do Ministério Público Federal para que se averigue sua situação jurídica.
A prisão de Ovidio causou caos durante quase todo o dia na cidade de Culiacán, onde ocorreram atos violentos, incluindo cerca de 19 bloqueios com veículos incendiados e ataques armados, como no aeroporto de Culiacán e na base aérea número 10.
Além disso, todos os acessos a Culiacán foram fechados, quatro deles desde a cidade de Los Mochis e mais dois na saída para Costa Rica, Sinaloa.
Também há relatos de atos violentos em cidades como Culiacán, Mazatlán e Los Mochis, além do cancelamento de atividades escolares e governamentais. As autoridades pediram à população que permanecesse em suas casas.
O estado de Sinaloa informou que, com o passar das horas, os bloqueios foram diminuindo de intensidade.
O dia até agora deixou 28 feridos e um agente da Guarda Nacional morto, juntamente com mais de 200 carros roubados e 20 saques a lojas.
A nova operação para capturar o filho de El Chapo surpreendeu porque ocorreu quatro dias antes da visita do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na Cúpula de Líderes da América do Norte, que também contará com a presença do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.
Nesta quinta-feira, o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, disse à mídia que "não há relação entre a operação policial em si e a cúpula" e negou que tenha havido qualquer tipo de "troca" com o governo dos EUA.
Ebrard também confirmou que existe um pedido de extradição contra Ovidio Guzmán, também conhecido como "El Ratón", emitido em 19 de setembro de 2019, pouco menos de um mês antes da primeira prisão de Ovidio, em 17 de setembro.
Ovidio Guzmán López é acusado nos Estados Unidos, juntamente com seu irmão Joaquín Guzmán López, de associação criminosa relacionada a drogas ilícitas.
Segundo as autoridades americanas, os irmãos conspiraram para distribuir cocaína, metanfetamina e maconha nos Estados Unidos a partir do México e de outras partes do mundo de 2008 a 2018.