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“Não Sou um Mártir”: jovens libaneses protestam contra atentados publicando selfies no Facebook

Campanha na internet é movida por jovens que não querem se envolver no conflito sectário

Internacional|djsilva

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Tornar-se um mártir não era o objetivo do libanês Mohammad Chaar. Mas ele acabou morrendo em uma guerra que não era sua. O jovem de 16 anos (de moletom vermelho nas imagens acima) estava se divertindo com amigos em Beirute, capital do Líbano, quando posaram para uma selfie. Minutos depois, Chaar aparece em outra foto, deitado no chão, inconsciente: ele acabara de ser atingido pela explosão de um carro-bomba — o veículo dourado que aparece na foto, atrás do grupo de amigos. Esse atentado, ocorrido em 27 de dezembro, não tinha Chaar como alvo. O ato de terror era contra um ex-ministro libanês, que morreu na explosão junto ao jovem libanês e outras três pessoas. As fotos de Chaar ganharam as redes sociais e, em instantes, levantaram a questão: os libaneses não querem se tornar mártires da escalada de violência que sacode o país. Um usuário chegou a escrever no Twitter: "isso não é martírio. É assassinato".  A grande repercussão deu origem ao projeto “I Am Not a Martyr” (“Eu não sou um mártir”), disponível no Facebook e no Twitter. Por meio dele, libaneses postam selfies com mensagens de protesto contra a violência e o terrorismo
Os atentados no Líbano aumentaram desde o início da guerra civil na vizinha Síria, em março de 2011. O Hezbollah, grupo político libanês, possui um braço armado que está lutando na guerra síria contra os rebeldes, ao lado das tropas leais ao presidente Bashar al Assad. O envolvimento do Hezbollah na Síria aumentou as tensões sectárias entre xiitas e sunitas dentro do Líbano. O resultado é a série de atentados, que está longe de terminar, principalmente em Beirute. O atentado de 27 de dezembro que matou Chaar não teve autoria reivindicada. Mas as imagens do jovem, antes e depois da explosão, causou comoção entre seus compatriotas, que não querem morrer nessa guerra Na imagem acima, a usuária Carina Aoun escreve: "Quero parar de procurar um novo lugar para chamar de 'lar'"
A campanha já foi curtida por mais de 9.000 pessoas. Na descrição, os organizadores dizem se recusar a aceitar a situação atual por mais um ano, como se a violência que persiste no país fosse normal.   — Somos vítimas, não mártires. Nos recusamos a virar mártires, e a nos transformarmos em vítimas. Nos recusamos a morrer de uma morte que é efeito colateral. Estamos bravos, tristes e frustrados com a situação no nosso país. Mas não estamos desesperançosos. Temos sonhos e sabemos que não estamos sozinhos. Poste uma foto sua na nossa página e diga o que você espera do Líbano Nesta imagem, o libanês Farah Nehme escreve: "Quero dizer que sou libanês sem ser questionado sobre a guerra" 
A escolha pelo selfie se deu porque Chaar, o jovem de 16 anos morto no bombardeio, jamais imaginou que fosse morrer após a fotografia. Ele estava fazendo algo rotineiro, mas morreu. As fotos são postadas com a hashtag #notamartyr (#nãosouummártir). Nesta foto, Chafic Al Kowatly escreveu: "Queremos dirigir em paz" Veja, nas imagens a seguir, outros selfies enviados pelos libaneses. Os autores estão indicados entre parênteses
"Sou um dos vários libaneses que nasceram fora do país porque meus pais estão trabalhando para tentar me dar uma vida melhor" (Lina Jbara Nasr)
"Quero ligar para minha família para conversar com eles, não para saber se estão vivos" (Diego Abou Jahjah, que atualmente mora na Argentina)
"Não quero ser um mártir como meu pai" (Charbel Hlb)
"Pare de nos afogar em suas guerras" (Ihab Daakour)
"Quero que minha filha tenha o passaporte libanês e fique orgulhosa por isso" (Inès Salloum Baliva)
"Para que você tenha o luxo de dizer que #nãoéummártir, vou lutar por você #sejaummártir" (Fadi Serhal)
"Quero que o Líbano fique em paz, não em pedaços" (Juliette Jabra)
"Não quero mais ouvir trovões e fogos de artifício e confundi-los com uma bomba" (Juliette Jabra)
"Quero parar de pensar em como conseguir um novo passaporte! Não quero ficar explicando às pessoas que o Líbano não é um país terrorista" (Jessica Kazan Hanna)
"Quero que essas crianças tenham um futuro melhor do que o meu presente" (Jad H. Merhi)
"Amamos viver" (Karim Rifai, político de Beirute)
"Nossa sala de estar!" (Karim Sioufi, no Aeroporto Internacional de Beirute)
"Quero que as pessoas parem de perguntar meu sobrenome e de qual vila eu sou. Quero que as pessoas parem de me apresentar como "a amiga muçulmana" delas. Quero os meus 18 anos de volta, quando eu não sabia a diferença entre um xiita e um sunita" (Luma Shihab-Eldin)
"É triste quando sua família e seus amigos ficam felizes porque você está indo embora do país" (Kassem Charafeddine)
"Quero parar de sentir ódio e vergonha do meu país" (lea ch.)
"Não quero continuar dizendo que nada nunca vai mudar!" (Alma Khalaf)
"Não quero que o meu futuro seja decidido pelas crenças e decisões de outras pessoas" (Dina Yunis)
"Quero voltar a viver no meu próprio país" (Jad Asaad)
"Quero usar o Whatsapp para saber o que meus amigos vão fazer, não para checar a última vez em que eles ficaram online para saber se ainda estão vivos" (Lynne Bibi)
"Não quero ter meu seguro de viagem cancelado toda vez que eu for a Beirute"  (Nemi Elh)
"O principal produto de exportação do Líbano não deveria ser seu povo" (Zade Kekhia)
"Quero poder me vangloriar da beleza e da grandiosidade do meu próprio país sem ser questionado se é 'seguro' visitá-lo!" (Walid Yassin)
"Essa cidade nunca vai ser pequena para todos os sonhos que tenho" (Shoghag Bazarbashian)
"Quero poder voltar pra casa" (Nadine K)
"Quero que aprendamos com os erros das gerações anteriores à nossa" (Rand Ghibril)
"Como um futuro médico, espero que nenhum de meus pacientes sejam vítimas da guerra, de bombas, da política ou da religião" (Serge Gabriel Geara)
"Chega de corrupção. Chega de abuso de poder. Não quero continuar me arrependendo por voltar aqui" (Rim Abla)
"Quero poder desfrutar disso todos os dias, e não apenas uma vez a cada dois anos, quando a situação não parece tão perigosa!" (Rashad Fatayri)
"Trovão? Tiroteio? Fogos de artifício? Outra explosão? Ou outro avião da espionagem israelense? Especialista exausta" (Pia Bou Khater)
"Estou cansado de retratar guerras no meu próprio país" (Patrick Baz, fotojornalista)
"Queremos consertar o Líbano antes de consertar o mundo" (Voluntária da ONG 4 a Cause)
"Não quero sobreviver, quero viver" (Nour Akiki)
"Quero me sentir seguro por estudar em uma faculdade no Líbano, mas minha família acha melhor eu estudar no exterior em vez de morrer, ao acaso, em uma explosão" (Mohamed Albana)
"Quero que as pessoas acreditem em mim quando digo que o Líbano é o país mais bonito do mundo" (Meera Sh)
"Me mudei pra cá há seis anos e finalmente estou começando a ter a vida que desejei. Sou feliz de verdade aqui. Não quero ir embora. Não quero ir para outro lugar e recomeçar tudo de novo" (Ieva Saudargaitė)
"Quero parar de temer essa morte súbita" (Maria Mendelek)
"Quero uma vida melhor para o meu filho" (Hani Mahmassani e Nour Terjman)
"Não quero mais desejar ter nascido em outro país" (Gracy Eid)

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Tornar-se um mártir não era o objetivo do libanês Mohammad Chaar. Mas ele acabou morrendo em uma guerra que não era sua. O jovem de 16 anos (de moletom vermelho nas imagens acima) estava se divertindo com amigos em Beirute, capital do Líbano, quando posaram para uma selfie. Minutos depois, Chaar aparece em outra foto, deitado no chão, inconsciente: ele acabara de ser atingido pela explosão de um carro-bomba — o veículo dourado que aparece na foto, atrás do grupo de amigos. Esse atentado, ocorrido em 27 de dezembro, não tinha Chaar como alvo. O ato de terror era contra um ex-ministro libanês, que morreu na explosão junto ao jovem libanês e outras três pessoas. As fotos de Chaar ganharam as redes sociais e, em instantes, levantaram a questão: os libaneses não querem se tornar mártires da escalada de violência que sacode o país. Um usuário chegou a escrever no Twitter: "isso não é martírio. É assassinato".  A grande repercussão deu origem ao projeto “I Am Not a Martyr” (“Eu não sou um mártir”), disponível no Facebook e no Twitter. Por meio dele, libaneses postam selfies com mensagens de protesto contra a violência e o terrorismo
Os atentados no Líbano aumentaram desde o início da guerra civil na vizinha Síria, em março de 2011. O Hezbollah, grupo político libanês, possui um braço armado que está lutando na guerra síria contra os rebeldes, ao lado das tropas leais ao presidente Bashar al Assad. O envolvimento do Hezbollah na Síria aumentou as tensões sectárias entre xiitas e sunitas dentro do Líbano. O resultado é a série de atentados, que está longe de terminar, principalmente em Beirute. O atentado de 27 de dezembro que matou Chaar não teve autoria reivindicada. Mas as imagens do jovem, antes e depois da explosão, causou comoção entre seus compatriotas, que não querem morrer nessa guerra Na imagem acima, a usuária Carina Aoun escreve: "Quero parar de procurar um novo lugar para chamar de 'lar'"
A campanha já foi curtida por mais de 9.000 pessoas. Na descrição, os organizadores dizem se recusar a aceitar a situação atual por mais um ano, como se a violência que persiste no país fosse normal.   — Somos vítimas, não mártires. Nos recusamos a virar mártires, e a nos transformarmos em vítimas. Nos recusamos a morrer de uma morte que é efeito colateral. Estamos bravos, tristes e frustrados com a situação no nosso país. Mas não estamos desesperançosos. Temos sonhos e sabemos que não estamos sozinhos. Poste uma foto sua na nossa página e diga o que você espera do Líbano Nesta imagem, o libanês Farah Nehme escreve: "Quero dizer que sou libanês sem ser questionado sobre a guerra" 
A escolha pelo selfie se deu porque Chaar, o jovem de 16 anos morto no bombardeio, jamais imaginou que fosse morrer após a fotografia. Ele estava fazendo algo rotineiro, mas morreu. As fotos são postadas com a hashtag #notamartyr (#nãosouummártir). Nesta foto, Chafic Al Kowatly escreveu: "Queremos dirigir em paz" Veja, nas imagens a seguir, outros selfies enviados pelos libaneses. Os autores estão indicados entre parênteses
"Sou um dos vários libaneses que nasceram fora do país porque meus pais estão trabalhando para tentar me dar uma vida melhor" (Lina Jbara Nasr)
"Quero ligar para minha família para conversar com eles, não para saber se estão vivos" (Diego Abou Jahjah, que atualmente mora na Argentina)
"Não quero ser um mártir como meu pai" (Charbel Hlb)
"Pare de nos afogar em suas guerras" (Ihab Daakour)
"Quero que minha filha tenha o passaporte libanês e fique orgulhosa por isso" (Inès Salloum Baliva)
"Para que você tenha o luxo de dizer que #nãoéummártir, vou lutar por você #sejaummártir" (Fadi Serhal)
"Quero que o Líbano fique em paz, não em pedaços" (Juliette Jabra)
"Não quero mais ouvir trovões e fogos de artifício e confundi-los com uma bomba" (Juliette Jabra)
"Quero parar de pensar em como conseguir um novo passaporte! Não quero ficar explicando às pessoas que o Líbano não é um país terrorista" (Jessica Kazan Hanna)
"Quero que essas crianças tenham um futuro melhor do que o meu presente" (Jad H. Merhi)
"Amamos viver" (Karim Rifai, político de Beirute)
"Nossa sala de estar!" (Karim Sioufi, no Aeroporto Internacional de Beirute)
"Quero que as pessoas parem de perguntar meu sobrenome e de qual vila eu sou. Quero que as pessoas parem de me apresentar como "a amiga muçulmana" delas. Quero os meus 18 anos de volta, quando eu não sabia a diferença entre um xiita e um sunita" (Luma Shihab-Eldin)
"É triste quando sua família e seus amigos ficam felizes porque você está indo embora do país" (Kassem Charafeddine)
"Quero parar de sentir ódio e vergonha do meu país" (lea ch.)
"Não quero continuar dizendo que nada nunca vai mudar!" (Alma Khalaf)
"Não quero que o meu futuro seja decidido pelas crenças e decisões de outras pessoas" (Dina Yunis)
"Quero voltar a viver no meu próprio país" (Jad Asaad)
"Quero usar o Whatsapp para saber o que meus amigos vão fazer, não para checar a última vez em que eles ficaram online para saber se ainda estão vivos" (Lynne Bibi)
"Não quero ter meu seguro de viagem cancelado toda vez que eu for a Beirute"  (Nemi Elh)
"O principal produto de exportação do Líbano não deveria ser seu povo" (Zade Kekhia)
"Quero poder me vangloriar da beleza e da grandiosidade do meu próprio país sem ser questionado se é 'seguro' visitá-lo!" (Walid Yassin)
"Essa cidade nunca vai ser pequena para todos os sonhos que tenho" (Shoghag Bazarbashian)
"Quero poder voltar pra casa" (Nadine K)
"Quero que aprendamos com os erros das gerações anteriores à nossa" (Rand Ghibril)
"Como um futuro médico, espero que nenhum de meus pacientes sejam vítimas da guerra, de bombas, da política ou da religião" (Serge Gabriel Geara)
"Chega de corrupção. Chega de abuso de poder. Não quero continuar me arrependendo por voltar aqui" (Rim Abla)
"Quero poder desfrutar disso todos os dias, e não apenas uma vez a cada dois anos, quando a situação não parece tão perigosa!" (Rashad Fatayri)
"Trovão? Tiroteio? Fogos de artifício? Outra explosão? Ou outro avião da espionagem israelense? Especialista exausta" (Pia Bou Khater)
"Estou cansado de retratar guerras no meu próprio país" (Patrick Baz, fotojornalista)
"Queremos consertar o Líbano antes de consertar o mundo" (Voluntária da ONG 4 a Cause)
"Não quero sobreviver, quero viver" (Nour Akiki)
"Quero me sentir seguro por estudar em uma faculdade no Líbano, mas minha família acha melhor eu estudar no exterior em vez de morrer, ao acaso, em uma explosão" (Mohamed Albana)
"Quero que as pessoas acreditem em mim quando digo que o Líbano é o país mais bonito do mundo" (Meera Sh)
"Me mudei pra cá há seis anos e finalmente estou começando a ter a vida que desejei. Sou feliz de verdade aqui. Não quero ir embora. Não quero ir para outro lugar e recomeçar tudo de novo" (Ieva Saudargaitė)
"Quero parar de temer essa morte súbita" (Maria Mendelek)
"Quero uma vida melhor para o meu filho" (Hani Mahmassani e Nour Terjman)
"Não quero mais desejar ter nascido em outro país" (Gracy Eid)

Tornar-se um mártir não era o objetivo do libanês Mohammad Chaar. Mas ele acabou morrendo em uma guerra que não era sua. O jovem de 16 anos (de moletom vermelho nas imagens acima) estava se divertindo com amigos em Beirute, capital do Líbano, quando posaram para uma selfie. Minutos depois, Chaar aparece em outra foto, deitado no chão, inconsciente: ele acabara de ser atingido pela explosão de um carro-bomba — o veículo dourado que aparece na foto, atrás do grupo de amigos. Esse atentado, ocorrido em 27 de dezembro, não tinha Chaar como alvo. O ato de terror era contra um ex-ministro libanês, que morreu na explosão junto ao jovem libanês e outras três pessoas. As fotos de Chaar ganharam as redes sociais e, em instantes, levantaram a questão: os libaneses não querem se tornar mártires da escalada de violência que sacode o país. Um usuário chegou a escrever no Twitter: "isso não é martírio. É assassinato".  A grande repercussão deu origem ao projeto “I Am Not a Martyr” (“Eu não sou um mártir”), disponível no Facebook e no Twitter. Por meio dele, libaneses postam selfies com mensagens de protesto contra a violência e o terrorismo

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