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Gularte não tinha consciência da execução até instantes antes do fuzilamento

O réu brasileiro foi executado na a última quarta-feira (29) na Indonésia

Internacional|

O réu brasileiro Rodrigo Muxfeldt Gularte, executado na madrugada da última quarta-feira (29) na Indonésia por narcotráfico, não tinha consciência de sua morte até instantes antes do fuzilamento, revelou uma testemunha à emissora australiana "ABC".

O sacerdote Charlie Burrows afirmou que Gularte, diagnosticado com esquizofrenia e bipolaridade, não foi capaz de entender sua situação até o momento em que os policiais começaram a algemá-lo antes de ele ser transferido ao local do fuzilamento.

"Pensei que ele tinha entendido, mas quando começaram a colocar as algemas nele, ele me disse: 'Oh pai, vou ser executado?'", afirmou Burrows, encarregado de acompanhar o brasileiro até o fuzilamento. O religioso, de 72 anos, acreditava até então que Gularte estava pronto. Inclusive, disse que os dois se encontrariam no céu.

Porém, de acordo com Burrows, o brasileiro revelou ter escutado vozes imaginárias nos últimos dias que garantiam que ele não seria morto. "Ele acreditava nas vozes mais do que em qualquer outra pessoa", indicou o sacerdote.

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Gularte, de 42 anos, foi preso em 2004 com seis quilos de cocaína dentro de uma prancha de surf e condenado à pena capital no ano seguinte por narcotráfico.

Após dez anos no corredor da morte, o brasileiro foi executado na madrugada de quarta-feira na prisão da ilha de Nusakambangna, em Java Central, junto a dois australianos, três nigerianos, um ganês e um indonésio, todos condenados pelo mesmo crime.

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A família e o governo brasileiro tentaram, sem sucesso, evitar a execução, já que a legislação da Indonésia proíbe que a pena de morte seja aplicada contra doentes mentais.

O Itamaraty mostrou "sua profunda consternação" pela execução de Gularte, considerada como um "fato grave" na relação bilateral entre os dois países, deteriorada desde o fuzilamento em janeiro de outro brasileiro, Marco Archer Cardoso Moreira, também condenado à pena capital por narcotráfico.

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Na época, o Brasil chamou seu embaixador em Jacarta para consultas. Um mês depois, a presidente Dilma Rousseff se negou a receber as credenciais do novo embaixador da Indonésia no país, o que levou o presidente Joko Widodo a ordenar o retorno do diplomata.

Burrows explicou que os condenados australianos, Andrew Chan e Myuran Sukumaran, enfrentam o pelotão de fuzilamento com dignidade para evitar causar mais dor aos familiares e amigos reunidos nos arredores da prisão.

"O objetivo era serem fortes na execução para causarem o menor sofrimento aos pais. Se tivessem escutado os gritos de seus filhos, teria sido muito mais difícil", afirmou o sacerdote.

Parentes dos australianos disseram que o fato de a filipina Mary Jane Veloso ter sido excluída da execução nos últimos instantes demostra que Widodo tinha autoridade para evitar os fuzilamentos.

Mary Jane, condenada por transportar até Indonésia 2,6 quilos de heroína, foi salva após um pedido de clemência do presidente das Filipinas, Benigno Aquino. Ela foi chamada para testemunhar em Manila contra a mulher que a recrutou para viajar com a droga.

A Indonésia disse que a execução de Mary Jane está suspensa temporariamente até que o caso seja esclarecido e justificou as demais mortes como uma medida necessária na luta contra o narcotráfico.

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