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Haitiana no Brasil ainda tenta falar com a família após terremoto

A mãe e os dois irmãos vivem no país caribenho e as informações chegam apenas pelo contato de pessoas conhecidas

Internacional|Sofia Pilagallo*, do R7

Haitianos em fila nesta sexta-feira (20) para receber doações de alimentos
Haitianos em fila nesta sexta-feira (20) para receber doações de alimentos Haitianos em fila nesta sexta-feira (20) para receber doações de alimentos

O passar das horas nunca foi tão angustiante quanto neste momento para a haitiana Beatrice Acelin, de 36 anos, que há sete anos migrou para o Brasil e mora em Toledo, no Paraná. Desde a última quarta-feira (11), três dias antes do terremoto de magnitude 7,2 que devastou o Haiti e provocou a morte de mais de 2 mil pessoas, ela não tem contato com a mãe e os dois irmãos, que vivem na capital Porto Príncipe, a cerca de 160 quilômetros do epicentro do terremoto.

Para a sorte de Beatrice, ela conseguiu contato com um amigo da família, que mora perto de seus parentes e ligou para avisar que eles estavam vivos. Levou horas, no entanto, para que ela pudesse ter qualquer notícia deles e não há previsão de quando será o próximo telefonema.

"Quero muito poder falar com a minha família e ouvir deles que eles estão bem. Eu não sei o que se passa com o celular deles, não sei o que pode ter ocorrido", afirma.

A haitiana conta que, no último sábado (14), estava saindo da igreja quando recebeu um telefonema do marido e foi surpreendida pela notícia. Assim que soube do terremoto, lembrou da mãe, de 61 anos, que há dois meses sofreu um AVC e perdeu o movimento do lado esquerdo do corpo.

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Beatrice estava saindo da igreja quando recebeu um telefonema do marido e ficou sabendo do terremoto
Beatrice estava saindo da igreja quando recebeu um telefonema do marido e ficou sabendo do terremoto Beatrice estava saindo da igreja quando recebeu um telefonema do marido e ficou sabendo do terremoto

Mesmo sem contato com seus familiares, a imigrante sabe que a situação no país é "delicada" e teme que eles não recebam o amparo necessário, caso precisem. Beatrice imagina que o sistema de saúde do país— que, segundo ela, não é tão eficiente assim —, não deva estar dando conta dos feridos, que já passam de 12 mil.

"Eu vi foto de uma pessoa que o pé estava por um fio de cair, fiquei sabendo de uma igreja que desabou durante um batizado e provocou a morte de todo mundo que estava dentro. A casa do irmão de um conhecido meu também desmoronou, mas, graças a Deus, ele e sua família saíram vivos", diz.

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Terremoto de 2010

Beatrice lembra que esta não é a primeira vez que sua família vivencia um desastre humanitário do gênero no Haiti. Ela ainda vivia no país no terremoto de janeiro de 2010, um dos episódios mais trágicos da história da ilha caribenha e que não tinha sido superado pela população local. 

Vista aérea de Porto Príncipe após o terremoto que atingiu o Haiti em 2010
Vista aérea de Porto Príncipe após o terremoto que atingiu o Haiti em 2010 Vista aérea de Porto Príncipe após o terremoto que atingiu o Haiti em 2010

A haitiana conta que, naquele dia, sentiu a casa toda tremer e, por alguns instantes, temeu que a estrutura desabasse sobre sua cabeça. Na época, a mãe ficou efetivamente desabrigada e teve que encontrar forças para se reerguer.

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"A situação no Haiti é muito difícil. Sonho com o dia em que poderei trazer minha família para morar comigo no Brasil junto ao meu marido e filhos [um menino de seis anos e uma menina de um ano]", afirma. Operadora de máquina em uma indústria têxtil e moradora de aluguel, ela acredita, no entanto, que este dia ainda não deva ocorrer tão já.

Por agora, a prioridade da imigrante é conseguir entrar em contato com a família o mais rápido possível e confirmar que eles estejam vivos, bem e seguros. Ela faz um apelo às pessoas do mundo todo e às organizações internacionais que não poupem esforços para ajudar o país e façam tudo aquilo que estiver ao seu alcance. "Toda ajuda é bem-vinda", diz.

*Estagiária do R7 sob supervisão de Pablo Marques

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