Kerry chama Assad de “assassino” e ameaça Síria com resposta militar
Secretário de Estado diz que não fazer nada contra a Síria seria um “desastre”
Internacional|Do R7
O secretário de estado norte-americano John Kerry responsabilizou nesta sexta-feira (30) o ditador sírio Bashar al Assad pelo ataque químico de 21 de agosto, que matou centenas de pessoas na periferia de Damasco. Kerry chamou Assad de “assassino”.
Em coletiva de imprensa realizada em Washington, o secretário de estado apresentou novos relatos do ataque químico da semana passada.
— Nós sabemos de onde esses foguetes [com armas químicas] partiram e onde eles caíram. Eles partiram de áreas controladas pelo governo e caíram sobre áreas controladas pela oposição. A síria atacou a região por quatro dias
Kerry ressaltou que, nos locais atingidos, várias pessoas apresentaram tosses, dificuldades para respirar, entre outros problemas, e morreram. Segundo ele, ao menos 1429 pessoas morreram no ataque, dentre elas 426 crianças.
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Kerry acusou o governo sírio de bloquear o acesso dos inspetores da ONU aos locais atingidos e de destruir as evidências.
— Quando eles [inspetores] conseguiram [chegar aos locais], o acesso foi restrito. (...) Temos muita confiança nessas evidências.
Em um tom bastante agressivo, o chefe da diplomacia americana disse que, se nada for feito contra Assad, “será um desastre”.
— Estamos discutindo algum tipo de resposta para punir Bashar al Assad. Se ficarmos em silêncio, isso será um desastre.
Minutos após o pronunciamento, a Casa Branca publicou um documento sobre o uso de armas químicos do governo sírio.
Mas algumas informações, segundo o secretário de Estado, só serão divulgadas a congressistas americanos, "para proteger fontes e métodos".
Novo Iraque?
O governo de Assad nega ter realizado o ataque e culpa as forças rebeldes, que querem que ele deixe o poder. Apesar disso, os Estados Unidos têm defendido uma ofensiva internacional na Síria para impedir que o governo de Damasco use armas químicas.
No entanto, é improvável que o Conselho de Segurança da ONU aprove uma moção prevendo a intervenção militar, já que a Rússia — aliada do governo sírio — já vetou duas resoluções anteriores.
Em clara demonstração de que não espera uma aprovação da ONU para realizar um ataque, Kerry criticou essa oposição russa. Ele relativizou ainda o trabalho dos inspetores da ONU na Síria.
— Nós acreditamos na ONU e temos respeito aos inspetores, que enfrentaram problemas [em solo]. Mas [o chefe da ONU] Ban ki Moon já disse que os investigadores não irão confirmar quem usou as armas químicas, mas apenas se elas foram usadas.
Ele garantiu ainda que os Estados Unidos não repetirão na Síria a experiência da intervenção no Iraque.
Como justificativa para o início da campanha militar contra o Iraque, em 2003, o governo americano afirmou que o país guardava armas químicas. A operação levou a uma guerra que durou dez anos. O suposto arsenal de armas químicas do governo iraquiano, no entanto, nunca foi encontrado.
Diante disso, Kerry ressaltou que uma ação militar na Síria não envolveria soldados americanos no país e não teria duração indefinida. O objetivo, disse, não seria a queda de Assad.
Kerry não deixou claro se e quando um ataque seria lançado, mas disse que, até lá, irá manter contato direto com “nossos aliados, o congresso [americano] e o povo da América [Estados Unidos].
— O povo da América está cansado de guerra. Eu também. (...) Mas desejar a paz não a torna real.
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