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Mais pobres e menos poderosos, americanos escolhem novo presidente

Queda na qualidade de vida reflete consequências da crise econômica

Internacional|Do R7*

Romney em Virginia, Obama em Ohio: candidatos visitaram Estados indecisos nesta segunda-feira (5), último dia de campanha
Romney em Virginia, Obama em Ohio: candidatos visitaram Estados indecisos nesta segunda-feira (5), último dia de campanha

Mais de 100 milhões de norte-americanos vão às urnas nesta terça-feira (6) para escolher o líder da maior potência econômica e militar do mundo até 2016. Há quatro anos, os EUA surpreendiam ao escolher o primeiro presidente negro de sua história. Hoje, o país que volta às urnas é bem diferente: está mais pobre, mais desigual e deixando para trás conflitos militares e guerras que, em outros tempos, foram a marca de seu poderio mundial.

É diante desse cenário que o democrata Barack Obama tenta se reeleger por mais quatro anos. Em seu mandato, Obama viu a taxa de desemprego disparar até 10% após a crise econômica de 2008, brigou com o Congresso para aprovar a universalização do sistema de saúde, assinou a saída das tropas norte-americanas do Iraque e Afeganistão e lidou com protestos de jovens em todo o país contra desigualdades econômicas e sociais.

A eleição parecia ganha até 3 de outubro, dia do primeiro debate presidencial, quando Romney partiu para o ataque. O republicano aproveitou os números desfavoráveis ao governo, principalmente a quantidade de desempregados, e revigorou a campanha.

Favelização


Após ver picos de desemprego em 2008 e 2009, Obama conseguiu reduzir o índice para 7,8% em setembro passado — a taxa oscilou para 7,9% em outubro.

Apesar de serem as taxas mais baixas do governo Obama, o índice revela que ainda existem cerca de 12,3 milhões de norte-americanos sem emprego, segundo o Departamento de Trabalho dos EUA.


Como comparação, a taxa de desemprego no Brasil é de 5,4%, segundo o IBGE.

O alto índice de desemprego atingiu, principalmente, a classe média norte-americana.


Alguns trabalhadores que tinham um bom salário antes da crise hoje não têm mais onde morar. Essa realidade fez com que acampamentos independentes surgissem em diversos pontos do país, as chamadas “tent cities” (“cidades de tendas”, em tradução livre).

Nesses acampamentos, cidadãos que não conseguiram pagar a hipoteca ou o aluguel se juntaram e formaram uma espécie de comunidade, vivendo em barracas, sem eletricidade e em condições precárias. De acordo com o Departamento de Habitação dos EUA, há mais de 243 mil pessoas morando em locais como esse.

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Para Gunther Rudzit, professor de relações internacionais das Faculdades Rio Branco, esse novo tipo de comunidade ilustra um processo de “favelização” que atinge os EUA desde o início da crise econômica, em 2008.

— É um belo reflexo de uma sociedade já considerada de classe média, e que está decaindo drasticamente.

Rudzit arrisca dizer que a nova classe média brasileira hoje está vivendo melhor que a classe média americana.

— A classe média dos Estados Unidos está perdendo o padrão de vida, enquanto a brasileira está ganhando qualidade de vida.

Diferentemente de Rudzit, o professor de relações internacionais do IBMEC, Diogo Costa, afirma que a maioria das pessoas consideradas classe média alta no Brasil estaria, nos Estados Unidos, vivendo “abaixo da linha de pobreza”.

— Um cidadão de classe média brasileiro teria que economizar 100% da sua renda por oito anos para comprar um carro da classe média americana.

Segundo Costa, o medo de que a classe média nos EUA esteja “encolhendo” não é o mais grave no atual panorama americano.

— O problema mais sério é o aumento da desigualdade e da imobilidade social entre os muito ricos e a classe média.

Cerca de 213 milhões de norte-americanos estão aptos a votar hoje. Mas como o voto não é obrigatório, o número será bem abaixo disso. Há quatro anos, quando Obama subia ao poder como esperança de um novo país, apenas 131,1 milhões de pessoas foram às urnas.

*Giovanna Arruda, estagiária do R7

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