Massacre contra cristãos deixou mil mortos em dois dias na República Centro-Africana
Onda de violência, perpetrada por grupo radical islâmico, ocorreu nos dias 5 e 6 de dezembro
Internacional|Do R7
A Anistia Internacional (AI) revelou nesta quinta-feira (19) a gravidade do massacre ocorrido na República Centro-Africana, nos dias 5 e 6 de dezembro, durante os embates entre um grupo cristão e outro muçulmano pelo controle do país. Segundo a Anistia, as represálias do ex-grupo rebelde islâmico Seleka contra a população, momentos após a ofensiva das milícias cristãs na capital Bangui, deixaram quase mil mortos.
A onda de violência se intensificou na manhã de 5 de dezembro, quando as milícias camponesas cristãs "antibalaka" (antimachetes), infiltradas em alguns bairros da capital, "em uma operação porta a porta mataram cerca de 60 muçulmanos", ressaltou a AI.
Integrantes da extinta Seleka (grupo muçulmano) "adotaram represálias em larga escala contra os cristãos, matando quase mil em apenas dois dias, e praticando a pilhagem sistemática das casas de civis", acrescentou a Anistia.
Segundo a ONG, mulheres e crianças também foram assassinadas. No balanço mais recente da ONU, havia pouco mais de 600 mortos em todo o país, sendo pelo menos 450 em Bangui.
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"Nossas investigações no terreno nessas últimas duas semanas não deixam lugar para dúvidas. Ambas as partes em conflito cometeram crimes de guerra e contra a humanidade", declarou Christian Mukosa, da Anistia Internacional, depois da investigação realizada em campo por três especialistas da organização.
— Os mesmos incluem execuções extrajudiciais, mutilações, destruição de prédios religiosos, como algumas mesquitas, e o deslocamento forçado de várias pessoas.
A República Centro-Africana está em conflito desde que a coalizão rebelde Seleka, majoritariamente muçulmana, derrubou o presidente François Bozizé no mês de março.
O governo de transição perdeu o controle do país e grupos rivais, cristãos contra muçulmanos, iniciaram uma série de confrontos extremamente violentos.
Até a chegada ao poder da Seleka, em março de 2013, cristãos e muçulmanos viviam sem conflitos neste país de 4,5 milhões de habitantes, dos quais 80% são cristãos.
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