Merkel diz a Obama que "espionar os amigos é totalmente inaceitável"
Líder alemã cobrou Obama ontem por suspeitas de que teria sido espionada pelos
Internacional|Do R7
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse nesta quinta-feira (24) que "não é aceitável a espionagem entre amigos e aliados" em referência às suspeitas de que os Estados Unidos grampearam seu telefone celular.
"Desde que [em junho] falamos sobre a Agência Nacional de Segurança americana (NSA), deixei claro ao presidente Obama: espionar os amigos é totalmente inaceitável", declarou Merkel em sua chegada à Cúpula da União Europeia (UE) em Bruxelas.
— Eu disse a ele em junho, quando esteve em Berlim, em julho e também ontem em uma ligação telefônica.
A declaração de Merkel ocorre um dia após o governo alemão receber informações de que os EUA podem ter grampeado o celular da chanceler, acusação que provocou indignação na Alemanha.
Segundo o presidente da comissão de segredos oficiais do Bundestag (câmara baixa alemã), Thomas Oppermann, se for confirmado que os EUA espionaram o celular pessoal de Merkel, isto seria um claro "prejuízo para os interesses" de seu país e danificaria enormemente a "credibilidade" de Washington.
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Oppermann fez estas declarações antes de entrar em reunião extraordinária da comissão de segredos oficiais.
"Se o telefone celular da chanceler Angela Merkel foi mesmo espionado", disse Oppermann, isto seria um "claro prejuízo para os interesses alemães" e suporia um grande revés para a "credibilidade dos EUA".
O presidente da comissão afirmou que a Alemanha conta com "indícios" desta espionagem que "confirmam" seus "temores" de que a espionagem americana teve acesso às conversas da chanceler e de milhões de alemães.
— Aparentemente, também fomos enganados pelo lado americano.
Além disso, o presidente acrescentou que a partir de agora será mais difícil "voltar a acreditar nos EUA" quando assegurar que não está espionando as comunicações de particulares na Alemanha.
Comissão Europeia pede unidade em caso de espionagem
A vice-presidente da Comissão Europeia e responsável de Justiça, Viviane Reding, reivindicou nesta quinta-feira aos líderes europeus unidade para responder à espionagem americana e para poder negociar com Washington as questões relativas à proteção de dados.
Reding, por meio de seu porta-voz, fez uma chamada aos chefes de Estado e do Governo da UE para que aproveitem as reuniões de hoje e amanhã realizadas em Bruxelas para impulsionar a reforma das normas comunitárias de proteção de dados.
"Agora é o momento para a ação e não só para as declarações na cúpula da UE", disse a porta-voz Mina Andreeva.
Para Reding, a aprovação dessa reforma seria uma "declaração de independência para a Europa", pois permitiria "apresentar-se de forma crível perante os EUA e negociar de igual para igual".
Nos últimos meses, ocorreram revelações sobre supostos casos de espionagem americana na Europa, com novas informações nesta semana que levaram França e Alemanha a pedir explicações a Washington.
O caso mais recente é o da suposta espionagem do celular da chanceler, Angela Merkel, que a Casa Branca negou.
"A proteção de dados deve ser cumprida, sem se importar se afeta os e-mails de cidadãos ou o telefone celular de Angela Merkel", ressaltou hoje a porta-voz de Reding.