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Mobilização popular da Revolução Francesa, comemorada hoje, resultou em benefícios para toda a sociedade

Revolução provou que levantes são mecanismos eficazes de intervenção direta do povo

Internacional|Fábio Cervone, colunista do R7

Mais de 200 anos depois, franceses continuam comemorando a Queda da Bastilha, acontecimento central da Revolução Francesa
Mais de 200 anos depois, franceses continuam comemorando a Queda da Bastilha, acontecimento central da Revolução Francesa Mais de 200 anos depois, franceses continuam comemorando a Queda da Bastilha, acontecimento central da Revolução Francesa (LIONEL BONAVENTURE/AFP)

No dia 14 de julho de 1789, milhares de franceses tomaram as ruas de Paris e atacaram a Bastilha, um castelo-prisão que simbolizava o autoritarismo da monarquia no país. A ação popular na capital foi tão violenta que esta centenária fortaleza foi invadida e destruída — um fato que se transformou no emblema da Revolução Francesa.

Nenhum dos aristocratas que governavam a França neste período imaginava que o poder da mobilização social seria capaz de abalar a estrutura política, militar e econômica que por séculos garantiram a organização nacional. Mas a revolta que se desenvolveu após esta data histórica resultou em significativos avanços coletivos que rapidamente se consolidaram em referências internacionais.

O empurrão político proporcionado pela Revolução Francesa no século 18 é um exemplo de que os levantes populares são mecanismos eficazes de intervenção direta dos cidadãos no funcionamento das instituições estatais de uma nação. Os direitos sociais consolidados pela histórica mobilização espontânea e abrangente do povo na França são até hoje objetos de inspiração para qualquer manifestante que esteja insatisfeito com seus governantes. No Brasil, Egito, Grécia e em outros casos de agitação civil atual, tais movimentos contestadores provavelmente não seriam possíveis se, há mais de 200 anos, os franceses revoltados com o absolutismo tivessem fracassado por completo.

Como na Revolução Francesa, brasileiros lutam para acabar com os privilégios da elite política do país

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A inédita onda de protestos que atingiu a monarquia francesa produziu inicialmente um ambiente bastante conturbado no país. Essa fase do processo foi marcada por uma violência desenfreada e uma incomparável instabilidade social. Mas, após a tempestade revolucionária, formou-se uma nova organização estatal que inesperadamente serviu de modelo de renovação das instituições públicas.

As ideias humanistas representadas pelas palavras Liberté, Egalité e Fraternité (Liberdade, Igualdade e Fraternidade, em tradução livre) que guiaram a Revolução Francesa são, nos dias de hoje, princípios revolucionários da luta por uma sociedade mais justa. Tais conceitos permitiram uma série de conquistas nunca antes imaginadas pelos cidadãos e, no presente, ainda alimentam muitas reivindicações populares.

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Dentre os progressos viabilizados pelo levante francês do século 18, deve-se destacar a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão. Esse documento de cunho humanista não só permeou leis mais justas, como se tornou a maior expressão dos valores progressistas. Assim, até hoje a sociedade francesa desfruta de várias garantias contra o abuso do Estado, promovendo uma realidade menos desigual. 

O papel da violência das massas

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Em 1789, a pressão exercida pelos protestos da maioria da população francesa foi fundamental para o sucesso do levante. Qualquer pessoa que conheça a realidade da França absolutista concorda que os aristocratas que conduziam a nação não iriam viabilizar reformas que de fato alterariam a hierarquia do poder nacional. A revolta se desencadeou a partir da convocação real da Assembléia dos Estados Gerais, mas não havia uma verdadeira disposição dos governantes para efetuar mudanças na ordem vigente.

Protegidos por Exércitos, castelos, benefícios jurídicos e econômicos, a elite francesa da época estava muito distante do povo e se via acima dos demais cidadãos. A França do século 18 era uma potência com uma agricultura vibrante e um respeitável aparato militar. A nobreza do país possuía variadas regalias que lhe permitia gozar de luxos incompatíveis com a realidade da população. Este isolamento institucionalizado alienou os aristocratas palacianos e alimentou o desdém por eles praticado em relação aos problemas nacionais. 

Diante deste confortável cenário, era inconcebível para os nobres abrir mão pacificamente do status social que há séculos desfrutavam. O povo francês precisou, literalmente, bater nas portas dos castelos, para que a elite do país ouvisse os gritos de insatisfação das ruas. Prédios e monumentos que representavam o antigo regime foram atacados e muitos foram destruídos pela massa enraivecida.

Sem a deflagrada disposição popular para lutar em todos os sentidos possíveis, dificilmente a Revolução Francesa seria reverenciada até hoje pelas democracias ocidentais como um marco de uma nova era política. Neste caso, apesar da violência e dos prejuízos materiais, a coragem e determinação do povo francês no passado alterou o rumo da história da humanidade.

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