Morrem 19 imigrantes após naufrágio na costa da Tunísia
Ministério do Interior da Tunísia estaria reprimindo campanhas humanitárias de ajuda aos imigrantes
Internacional|Do R7
Pelo menos 19 imigrantes morreram neste domingo (26) e outros cinco foram resgatados, todos da África subsariana, depois de o precário barco em que viajavam naufragar na costa de Mahdia, no sul da Tunísia, segundo relatou à EFE o porta-voz do FTDES (Fórum Tunisiano para os Direitos Econômicos e Sociais), Romdhane Ben Amor.
Este é o terceiro naufrágio fatal em 72 horas, o que deixa um saldo de pelo menos 24 mortes e 62 pessoas desaparecidas, enquanto outras 40 sobreviveram.
Cerca de 30 organizações denunciaram na sexta-feira (24) o Ministério do Interior da Tunísia por reprimir as campanhas humanitárias de ajuda aos imigrantes depois de o presidente, Kais Saied, as ter acusado de fazer parte de uma conspiração para mudar a demografia e a identidade "árabe-muçulmana” do país.
O último relatório do FTDES revela que, desde o início do ano, as forças de segurança interceptaram cerca de 10.000 migrantes, em comparação com os 3.000 do mesmo período do ano passado.
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Este aumento das chegadas à costa italiana, a 150 quilômetros de distância, coincide com uma campanha de detenções e ataques xenófobos contra cidadãos subsarianos após o discurso do presidente, que alegou não ser racista "porque tem amigos africanos" e acusou os seus detratores de deturpar suas palavras para prejudicar o país.
Após as críticas da comunidade internacional, o governo tunisiano anunciou medidas para facilitar a residência legal e o repatriamento voluntário, bem como uma linha telefônica de ajuda.
No entanto, centenas deles, principalmente da Costa do Marfim e da Guiné, solicitaram o retorno voluntário a seus respectivos países depois de terem perdido seus empregos - muitas vezes informais - e, em alguns casos, terem sido expulsos de suas casas pelos proprietários.
Segundo estatísticas do Ministério do Interior italiano, no ano passado mais de 18.000 imigrantes tunisianos chegaram às suas costas - 4.000 deles menores de idade - e pelo menos 600 pessoas morreram na tentativa de cruzar o Mediterrâneo Central, que também inclui a costa da Líbia, e que é considerada a rota migratória mais mortal do mundo.