MP de Portugal arquiva inquérito contra a Igreja Universal
No documento, os promotores afirmam que investigação desmentiu a existência de uma suposta rede ilegal de adoções de crianças
Internacional|Do R7
O Ministério Público de Portugal determinou o arquivamento do inquérito aberto contra a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) no país, após investigação comprovar que eram falsas as denúncias feitas em reportagens do canal de televisão português TVI. As matérias insinuavam a existência de uma suposta rede ilegal de adoção de crianças, que era atribuída à Igreja Universal, na década de 1990.
No despacho de 134 páginas, o Ministério Público afirma que os supostos crimes não ficaram comprovados porque todas as alegações dos pais biológicos foram desmentidas pela investigação. As informações sobre o arquivamento do inquérito foram publicadas no jornal Expresso e confirmadas pela Procuradoria-Geral da República neste sábado (18).
A TVI promoveu uma verdadeira campanha de difamação com uma série de reportagens contra a IURD em Portugal. As matérias foram apresentadas sob o título de “O Segredo dos Deuses” e carregavam uma série de acusações infundadas e nunca comprovadas contra o Bispo Edir Macedo e sua família.
De acordo com a investigação, aberta em 2017, todas as denúncias não se sustentaram. Com isso, foi determinado o arquivamento do inquérito. Agora, a emissora portuguesa enfrenta uma crise de falta de credibilidade sem precedentes.
As falsas reportagens eram baseadas em casos que teriam ocorrido na década de 1990, com crianças levadas de um lar em Lisboa, alimentando um suposto esquema de adoções ilegais em benefício de famílias ligadas à igreja que moravam no Brasil e nos EUA.
Segundo o jornal Expresso, as perícias feitas pela Polícia Judiciária comprovaram a autenticidade das assinaturas das mães que, nas matérias da TVI, afirmavam nunca ter assinado qualquer documento autorizando a adoção dos filhos. Além disso, segundo o Ministério Público, os supostos crimes já prescreveram.
Nunca houve queixa dos pais
O procurador reforça em seu despacho que nunca os pais biológicos apresentaram qualquer reclamação à polícia. De acordo com o MP, a queixa que originou o inquérito foi apresentada somente pela própria jornalista que conduziu a reportagem, Alexandra Borges.
O procurador responsável pelo caso afirmou que um pai, que chegou a aparecer em uma das reportagens da TVI, “desconhecia que a filha tivesse sido entregue” a um bispo da IURD.
De acordo com o MP, ao longo dos anos, desde o acolhimento dos menores no Lar Universal da IURD ou na Associação Casa de Acolhimento Mão Amiga, “não houve notícia de qualquer pai ou mãe biológica que tivesse junto de qualquer entidade pública apresentado queixa pelo desaparecimento de qualquer criança”.
Posição da Igreja Universal do Reino de Deus
A Igreja Universal sempre negou qualquer envolvimento em um esquema de adoção ilegal de crianças portuguesas. Em nota divulgada na época, a IURD classificou as reportagens da rede de televisão portuguesa TVI como uma campanha difamatória e mentirosa. Ainda segundo a nota, as informações obtidas pela televisão portuguesa se basearam em depoimentos de um ex-pastor que deixou a igreja por condutas impróprias.