"No telefone, ele só chorava": mãe relata desespero que filho enfrentou dentro do shopping em Munique
O adolescente Malik estava com os amigos no shopping quando o tiroteio começou
Internacional|Bruna Vichi, especial para o R7
O instante do tiroteio no shopping OEZ, em Munique, na Alemanha, e os momentos seguintes, em que os clientes ficaram detidos no centro de compras, foram de agonia para quem estava no lugar e para suas famílias.
Foi esse o caso do adolescente M., que estava no local, onde ao menos nove pessoas morreram. "As pessoas começaram a correr sem saber para onde ir. Muitas lojas foram destruídas por que as pessoas ficaram 'loucas'. A gente não sabia o que estava acontecendo, mas muitos choravam", relembra o menino, ainda apavorado.
Para tentar proteger as pessoas dentro do shopping, a polícia alemã fechou todas as lojas. Muitos ficaram presos por um longo tempo. M. foi um deles. Por mais de uma hora o menino foi impedido de deixar o shopping. "Os policiais não explicavam o que estava acontecendo. A gente só ouvia tiros e pessoas correndo. De repente, ficava um silêncio e isso era pior ainda", disse o menino.
Em entrevista exclusiva ao R7, a mãe de M., Silke G., 50 anos, relatou os momentos de pânico que viveu sem notícias do filho.
"Eu estava em casa quando soube do ataque e fiquei em pânico. Não conseguia falar com meu filho, não sabia se ele estava bem, se estava vivo. Foi horrível", lembra a mãe. Silke foi avisada pela filha, que soube do ataque e lembrou que o irmão estava no local.
A mãe foi orientada pelas autoridades a aguardar em casa. "Eu queria ir lá, queria pegar meu filho com minhas próprias mãos, mas eu não podia. Eles não haviam pegado os atiradores ainda".
Depois de muitas tentativas, ela conseguiu ligar para o filho, ainda preso. "Escutar a voz de M. me aliviou um pouco, mas como ele ainda era um refém, eu não podia ter certeza de que tudo ficaria bem. Eu achei que meu filho poderia morrer. Passei momentos de terror", lamenta.
“Além do medo de ele ser baleado, temi que ele tivesse um ataque de pânico. Eu não saberia dizer o que poderia acontecer nesse caso”, disse. “No telefone, ele só chorava.”
O desespero da família acabou com a polícia batendo na porta para levar M. com segurança para a mãe. Os três amigos que estavam com ele estão com a família de M., pois moram distante e não podem deixar a casa dele por motivos de segurança.
Silke acredita que o dia de hoje ficará marcado para sempre nesta família. "Ainda estamos com medo, mas nos sentimos abençoados de estarmos bem, em casa."