ONU pede à Nicarágua que não reprima protestos com violência
A próxima quinta-feira (18) marca o aniversário de um ano do início das manifestações estudantis e populares contra o governo de Daniel Ortega
Internacional|Da EFE
A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu nesta terça-feira (16) ao governo da Nicarágua que não utilize a violência para reprimir as manifestações convocadas no aniversário dos protestos que abalam o país há quase um ano, que será lembrado em 18 de abril.
"Me preocupa que os protestos convocados para os próximos dias possam desencadear em outra reação violenta", destacou Bachelet, que reiterou as críticas à criminalização das manifestações e aos ataques contra líderes estudantis, aos defensores de direitos humanos, a jornalistas e opositores do governo.
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Bachelet ainda ressaltou que o governo do presidente Daniel Ortega deve garantir que as forças de segurança "estabeleçam os espaços necessários para que as pessoas se reúnam pacificamente e possam expressar suas opiniões conforme os direitos internacionalmente reconhecidos".
A ex-presidente do Chile afirmou que pelo menos 300 pessoas morreram nos protestos no ano passado, 2 mil ficaram feridas e que a crise política e social forçou 62 mil pessoas a deixar o país, a maioria se refugiando na vizinha Costa Rica.
A alta comissária manifestou sua preocupação com o aumento da censura na Nicarágua e pelas duras condições dos detidos durante os protestos nas prisões e centros de detenção, onde podem ter sido vítimas de tortura e maus tratos.
Também lamentou que tenham estagnado as negociações entre o governo e parte da oposição (Aliança Cívica) e ressaltou que os acordos firmados em março sobre a libertação de detidos e o fortalecimento de direitos e garantias parecem não ter sido implementados.
"É de suma importância que seja estabelecido um processo de responsabilidade exaustiva e transparente para garantir a justiça e a verdade, assim como garantias claras de não repetição e de conformidade com as normas e padrões internacionais", concluiu.