Nicarágua: atos contra reforma da previdência já deixaram 3 mortos
As manifestações contra reforma têm sido duramente reprimidas pela polícia. Decreto do presidente Ortega aumenta idade de aposentadoria
Internacional|Beatriz Sanz, do R7, com agências internacionais
Milhares de nicaraguenses estão nas ruas protestando desde a última quarta-feira (18) contra uma reforma da previdência que foi anunciada pelo presidente Daniel Ortega. As manifestações têm sido duramente reprimidas pela polícia e pelo menos três pessoas já morreram. A expectativa é de que os protestos continuem nesta sexta-feira (20).
Segundo informações dos jornais locais, as vítimas são um o policial chamado Jilton Manzanares, o estudante Richard Pavón e o trabalhador Darwin Manuel Urbina. Outro estudante, Roberto Rizo, teria ficado cego por conta de um tiro de bala de borracha.
As manifestações estão acontecendo principalmente em Manágua, capital do país e estão sendo convocadas majoritariamente por estudantes e aposentados.
Para tentar conter os protestos a polícia está usando gás lacrimogêneo, balas de borracha e cassetetes.
Governo da Nicarágua tira TVs do ar
O governo também cortou o sinal de três grandes emissoras de televisão do país, em um ato que foi qualificado como censura. Instituições do país, como a Câmara de Comércio Americana da Nicarágua e a Associação de Jornalistas e Escritores da Nicarágua pedem o retorno dos canais “imediatamente”, em nome da “liberdade de expressão”.
Por conta do corte do sinal das redes de TV, a população está se mantendo informada através das redes sociais.
O presidente Daniel Ortega ainda não se manifestou sobre os protestos, mas sua esposa, Rosario Murillo, que também acumula o cargo de vice-presidente, disse que a reforma acontece para o “bem de todos” e classificou os protestos como “pequenos”.
Entenda a reforma da Nicarágua
A reforma foi instituída pelo governo de Ortega através de um decreto e a população argumenta que não houve debate sobre o assunto. Ortega já governa o país há 11 anos.
O decreto do governo aumenta a idade para ganhar aposentadoria para 60 anos e começa a cobrar alíquotas maiores dos trabalhadores e dos próprios aposentados.
A medida é apoiada pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), mas não tem aceitação dentro do país.
A Fundação Nicaraguense para Desenvolvimento Econômico e Social (Funides na sigla em espanhol) afirmou que a reforma pode causar desemprego e aumentar as taxas de informalidade.
Até mesmo o Conselho Superior da Empresa Privada (Cosep), um aliado de longa data do governo, é contra o projeto.