Opositor venezuelano desmente boatos de golpe militar, mas manifesta preocupação com desabastecimento
Henrique Capriles convocou o povo a protestar para ser escutado
Internacional|Do R7
No início deste ano, a crise de abastecimento na Venezuela se agravou, produtos de primeira necessidade como leite, café, creme dental, açúcar e de higiene encontram-se em quantidades minímas nos supermercados locais. A situação aumentou o clima de tensão no país, e rumores de um golpe de estado contra o presidente Nicolás Maduro foram noticiados pela mídia local.
No entanto, Henrique Capriles representante de oposição e governador do estado de Miranda acredita que a realidade é difícil mas se afastou de qualquer ideia relacionada ao suposto golpe.
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Em uma coletiva de imprensa ocorrida na última quarta-feira (14), Capriles afirmou que é necessário protestar contra a crise, procurar soluções e recomendou que tudo deveria ser realizado dentro da constitucionalidade. “Precisamos realizar uma mobilização para transformar a realidade venezuelana. A população precisa ser escutada. O nosso país atravessa um momento decisivo” declarou.
O líder fez ainda menção dos mais de 2 bilhões de reais que a Venezuela recebeu nos últimos doze anos, mas que por motivo de má administração do governo não garantiram nem o sabonete nos lares bolivarianos.
Crise econômica
A população culpa constantemente a baixa no preço do petróleo como motivo principal da crise econômica. O presidente Nicolás Maduro viajou ao exterior para propor negociações com China, Rússia e Irã e discutir as consequências da queda no preço do petróleo e até mesmo solicitar empréstimos que contribuam a Venezuela superar as suas problemáticas.
Capriles acredita que países estrangeiros não mudaram a realidade e que não existirá nenhuma melhoria no preço do petróleo. “Desde que Maduro saiu do país com o objetivo de fortalecer o preço do petróleo, a queda piorou” esclarece e defende que o presidente fracassou. “Maduro volta sem dinheiro e sem petróleo, o que ele fez foi gastar” ironiza.
O governador de Miranda reuniu-se também com outros líderes entre eles a deputada María Corina Machado do partido Voluntad Popular e o político Antonio Ledezma para planejar ações de mobilização nas ruas.
Aos boatos de golpe militar, Capriles esclareceu que tudo deve ser feito dentro da democracia e constitucionalidade “Nicolás Maduro é um erro na historia, mas precisamos sair desse erro dentro da Constituição” mencionou.
Consultada pela reportagem do R7, a Presidência respondeu por meio da sua assessoria que mobilizações e possíveis golpes militares seriam mais um dos boatos comuns criados para confundir a população. “Não vamos nem nos inquietar ao respeito, guerra avisa não mata soldados” declarou um dos funcionários.
Para Capriles a realidade é crítica e é preciso aceita-la. “Não é um boato, se a gente faz fila é porque não há suficiente comida” desabafa e afirma que a solução não é dizer “Vai embora Nicolás Maduro”, e sim perguntar onde estão os alimentos básicos como a leite.
Desabastecimento
A população venezuelana tem experimentado uma verdadeira Via Crucis para conseguir se abastecer. Moradores relatam horas de espera (até oito) nas filas dos supermercados para conseguir levar os alimentos para os seus lares.
Dentro dos mercados a situação é ainda mais surpreendente. Comprar converteu-se em uma ousadia. Há prateleiras completamente vazias e longos corredores cheios do mesmo produto, para disfarçar a falta de outros.
Empresas internacionais como o Inditex e o McDonald´s também foram afetadas. Neste último, as batatas fritas foram trocadas por mandioca.
Na nação bolivariana, a população começa a inquietar-se. Segundo um relatório da agência de investigação americana Stratfor o desconforto entre os coletivos e as forças de segurança junto à crise econômica poderiam desencadear em um golpe militar.
O presidente Nicolás Maduro está no exterior e não tem a volta fechada enquanto o boato que ameaça impedir que retorne ao poder se espalha pelas ruas.