Paraguai aprova fundo para identificar desaparecidos durante ditadura
Em um primeiro momento, as amostras de 27 indivíduos serão analisadas
Internacional|Do R7
O Ministério da Justiça do Paraguai aprovou nesta quinta-feira (9) um fundo de R$ 300 mil (US$ 150 mil) para realizar as identificações genéticas das ossadas de 27 desaparecidos durante a ditadura de Alfredo Stroessner, informou à Agência Efe o encarregado pelas buscas, Rogelio Goiburu.
Goiburu, diretor de Reparação e Memória Histórica, uma entidade ligada ao Ministério da Justiça, explicou que um convênio foi assinado com o Inecip (Instituto de Estudos Comparados em Ciências Penais e Sociais do Paraguai) para que administre os fundos, bloqueados durante anos apesar dos pedidos das vítimas.
O Inecip disporá agora de metade do dinheiro e a "primeira medida" que tomará será contratar o Instituto Médico Legal argentino para que analise em Assunção as ossadas encontradas durante anos de buscas por iniciativa das famílias das pessoas desaparecidas, disse Goiburu.
"Virão a Assunção para fazer uma primeira análise e depois levarão as amostras pertencentes a 27 indivíduos que encontramos até o momento", explicou Goiburu, filho de um desaparecido durante a ditadura.
Governo do Chile quer derrubar lei de anistia dos tempos da ditadura
Ditadura Militar: Argentina julga médicos de prisões clandestinas por roubo de bebês
O trabalho consistirá em resgatar material genético e fazer um perfil para ser comparado com as amostras de sangue de 400 familiares, das quais só foram coletadas 80 devido à falta de recursos. "Ainda há muito caminho pela frente", declarou.
Goiburu pediu publicamente em várias ocasiões a disponibilização dos recursos, orçados e aprovados há dois anos pelo governo anterior para a identificação de 20 ossadas de pessoas assassinadas pelo regime militar, que agora já são 27.
A Comissão de Verdade e Justiça (CJV) calculou que 425 pessoas foram executadas ou estão desaparecidas e que quase 20 mil foram detidas, sendo que a maior parte delas também sofreu tortura. Outras 20.814 pessoas tiveram que deixar o país por motivos políticos durante a ditadura de Stroessner.