Primeiro-ministro de Israel visita a Argentina em viagem estratégica
Objetivo do governo israelense é fortalecer vínculo com a América Latina
Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7
A viagem do primeiro-ministro de Israel, Benjamin "Bibi" Netanyahu para a Argentina, na próxima semana, é considerada um marco histórico na relação de Israel com o país e com a América Latina.
Será a primeira vez que um primeiro-ministro (o chefe de governo) israelense visitará a Argentina, que tem a maior comunidade judaica da América Latina, com cerca de 250 mil pessoas. Na viagem, Netanyahu também irá ao México e à Colômbia.
A chegada do primeiro-ministro a Buenos Aires, no próximo dia 11, é um sinal de que a região como um todo tem se tornado mais estratégica para Israel, do ponto de vista político e econômico. De Buenos Aires, Claudio Epelman, diretor-executivo do Congresso Judaico Latino-Americano, disse ao R7 que a visita de Netanyahu terá um significado especial por também ter como objetivo o combate ao terrorismo internacional.
— O primeiro-ministro Netanyahu já programou visitas aos locais dos dois grandes antentados à comunidade judaica na Argentina: na embaixada de Israel e na sede da comunidade judaica Amia (Associação Mutual Israelita Argentina), essa é uma dimensão pela qual deve ser entendida a viagem.
Em 1992, a explosão de uma bomba destruiu a embaixada israelense em Buenos Aires, causando a morte de 22 pessoas. E em 1994, a explosão de um carro-bomba na sede da Amia (Associação Mutual Israelita Argentina) deixou 85 mortos. Estados Unidos e Israel atribuem os ataques ao Irã, que, segundo ambos, estaria vinculado ao grupo Hezbollah. A acusação é negada tanto pelo governo iraniano quanto pelo grupo, que atua fundamentalmente no Líbano. O ex-presidente da Argentina, Carlos Menem (1989-1999), responde a um processo por suposto encobrimento de fatos ligados ao atentado contra a Amia.
Epelman, neste sentido, dá a entender que, pela primeira vez em muitos anos, Israel criou um canal de diálogo mais fluente com o governo argentino já que, segundo ele, a relação entre Netanyahu e o presidente argentino Mauricio Macri é muito próxima.
— Creio que esse governo de Macri desenvolveu uma relação muito profunda com o governo de Israel e isso está gerando essa viagem. Uma relação não só política, mas pessoal, se desenvolveu entre Macri e o primeiro-ministro Netanyahu. Ele vem compartilhar alguns temas em conjunto, já que há uma atividade bilateral, a ser fortalecida, muito superior a de governos anteriores da Argentina.
Novo contexto
A relação entre Israel e Argentina sempre foi pautada por altos e baixos. Em momentos de proximidade, alguns ex-primeiros-ministros, considerados representantes do governo pela dimensão de seus nomes, já visitaram a Argentina, como David Ben-Gurion, Itzhak Rabin, Shimon Peres e Golda Meir. Também presidentes, no exercício dos cargos, foram recebidos em Buenos Aires.
Por outro lado, após a Segunda Guerra Mundial, vários fugitivos nazistas, vinculados ao antigo governo alemão, foram morar clandestinamente no país sul-americano, em uma rede supostamente ligada ao governo local. Em 1960, o Mossad, em missão secreta, capturou o oficial nazista da SS, Adolf Eichmann, em Buenos Aires.
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Com o nome fictício de Ricardo Klement, ele trabalhava em uma companhia de água. O governo argentino, na ocasião, criticou a iniciativa de Israel, já que o nazista foi retirado em um avião oficial do governo israelense, usado pelo então Ministro das Relações Exteriores, Abba Eban. Enforcado em 1962, após julgamento, em Jerusalém, Eichmann foi o único prisioneiro condenado à morte pela Justiça de Israel até hoje.
Neste novo contexto, Epelman considera que a visita de Netanyahu poderá ser um passo firme no sentido de fortalecer de vez o vínculo de Israel com a região.
— A vinda do primeiro-ministro de Israel terá um significado especial não só para a comunidade judaica local como para as comunidades judaicas da América Latina.