Propina de construtoras à prefeitura terminou em cadeia e multas milionárias em Nova York
Dois casos recentes marcaram a administração do prefeito Michael Bloomberg
Internacional|Do R7
Casos de corrupção semelhantes ao esquema deflagrado esta semana pelo Ministério Público em Sâo Paulo — de pagamento de propina por imobiliárias para funcionários públicos durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab — foram descobertos este ano em Nova York e tiveram punição exemplar: nos EUA, os responsáveis foram parar na cadeia.
Em agosto, Sergio Benitez, dono de uma incorporadora, foi condenado a 22 meses de prisão e três anos de condicional — além de multado em mais de R$ 1 milhão —, por lucrar indevidamente com um esquema envolvendo empreiteiras locais e a Secretaria Municipal de Habitação de Preservação e Desenvolvimento.
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De acordo com o FBI (polícia federal americana), Benitez, de 53 anos, embolsou mais de R$ 450 mil (US$ 200 mil ) em propinas.
Sua incorporadora foi contratada pela prefeitura de Nova York para efetuar um projeto de moradias no bairro do Brooklyn. Mas quando era feita a negociação com a empreiteira responsável pela obra, ele exigia em troca 2% dos recursos recebidos para o empreendimento.
As construtoras contratadas inflacionavam, ilegalmente, os custos do projeto para a cidade, em uma tentativa de recuperar parte dos subornos pagos.
15 anos de roubos
Em 2012, o Ministério Público de Nova York e o FBI desmantelaram outro esquema de propinas envolvendo a Secretaria Municipal de Habitação de Preservação e Desenvolvimento.
Na ocasião, o ex-comissário assistente do departamento, Wendell B. Walters, admitiu ter recebido, desde 1998, mais de R$ 5,6 milhões em subornos para facilitar licenças e outras atividades de construtoras na cidade.
Walters declarou-se culpado da acusação de conspiração de extorsão e uma acusação de suborno perante a juíza Nina Gershon no Tribunal Distrital Federal do Brooklyn. Ele foi condenado à pena máxima e poderá ficar preso por até 30 anos.
O ex-funcionário colaborou com as investigações para evitar o agravamento da pena. Em razão disso, o FBI passou a perseguir outros suspeitos e a vigiar de perto esquemas ilegais similares.
Os dois casos vieram à tona durante a administração de Michael Bloomberg, que deixará o cargo de prefeito de Nova York ainda neste ano.
A Secretaria Municipal de Habitação de Preservação e Desenvolvimento, que esteve envolvida nos escândalos, foi base para um dos projetos mais importantes da gestão de Bloomberg, que incentivou a construção de casas e prédios para moradores de baixa renda em vários bairros da cidade, como Brooklyn e Queens.