Sete mistérios do avião desaparecido na Ásia
Manobra de retorno, passaporte falso e passageiro que não embarcou ampliam enigma
Internacional|Do R7
As buscas pelo Boeing 777-200 da Malaysia Airlines, que desapareceu durante viagem entre Kuala Lumpur e Pequim, entram no quarto dia. Aos poucos, as autoridades descobrem novos detalhes sobre o voo MH-370. Mas as novidades, em vez de lançarem luz sobre a situação, parecem ampliar o mistério que envolve o sumiço da aeronave que levava 239 pessoas.
Confira abaixo sete questões que têm deixado os investigadores em saia justa:
1 - Por que o avião aparentemente deu meia-volta após perder contato?
À 1h30 de sábado, a tripulação perdeu contato com a torre de controle. O corte de sinal foi repentino, sem nenhuma emissão de pedido de socorro. Militares malaios afirmam que radares indicaram que o avião fez uma meia-volta, como se tentasse voltar para Kuala Lumpur, a cidade de partida, antes de desaparecer. O motivo da manobra é ignorado.
2 - Quem são os passageiros que entraram na aeronave com passaportes roubados?
Dois passageiros que estavam a bordo entraram no avião com passaportes roubados. Os documentos eram de um italiano e de um austríaco. As autoridades malaias afirmam que os passageiros desconhecidos não pareciam asiáticos. Um deles tinha feições semelhantes às do jogador de futebol italiano Mario Balotelli. Ambos fariam conexão em Pequim e partiriam para a Europa. Nenhum deles possuía passagem de volta.
3 - Onde está o empresário iraniano que comprou os bilhetes dos passageiros que viajavam com passaporte roubado?
O bilhete dos misteriosos passageiros foi comprado pelo empresário iraniano Kazen Ali. Ele era dono de um restaurante na cidade malaia de Pattaya e costumava comprar pacotes em uma agência de turismo local. Antes do voo, ele ligou de um telefone do Irã, solicitando passagens para duas pessoas. Mais tarde, outro homem, também iraniano, passou na agência e pagou as viagens em dinheiro vivo.
4 - Por que cinco pessoas fizeram check-in e não embarcaram?
Cinco passageiros não se apresentaram no portão de embarque após passarem pela revista pessoal. Eles teriam feito check-in separadamente. Antes de o avião decolar, as bagagens desses passageiros foram retiradas e passaram pelo scanner, segundo o departamento de aviação civil da Malásia. Nada de anormal foi encontrado. O mistério cresce pelo fato de, até o momento, nenhuma dessas pessoas ter procurado, como geralmente ocorre, órgãos de imprensa para contar como conseguiram "escapar" do sumiço.
5 - Há uma rede de contrabando de passaportes na Malásia?
A Interpol afirma que os dois passaportes roubados estavam em seu banco de dados. Houve conivência de alguma autoridade malaia para tornar viável o embarque de uma pessoa com passaporte roubado em um voo internacional? Esses mesmos passaportes foram usados outras vezes para cruzar fronteiras? As autoridades abriram investigação para saber se o fato está ligado a uma rede criminosa.
6 - A busca está sendo feita na região correta?
As equipes de resgate estão à procura da aeronave no Mar do Sul da China, última localização conhecida do Boeing. Nenhum destroço encontrado na região, porém, era do avião. Uma mancha de óleo que levantou suspeitas inicialmente também foi descartada, por se tratar do vazamento de um navio cargueiro. Quanto mais o tempo passa, mais as correntes marítimas tornam a suposta posição da aeronave incerta.
7 - É possível um piloto experiente, de uma companhia com pequeno histórico de acidentes, envolver-se em um desastre no meio da rota?
O capitão Zaharie Shah, 53 anos, atua na Malaysia Airlines desde 1981. Ele tem mais de 18 mil horas de voo. É raro um grande avião comercial ter problema no meio do trajeto — a maior parte dos acidentes acontece na decolagem e no pouso. Há, claro, o caso do voo 447 da Air France, que fazia a rota Rio-Paris e caiu no oceano Atlântico em 2009 — o corpo do avião só foi encontrado dois anos depois. No caso da Air France, porém, o tempo na região estava instável. Já o Boeing da Malaysia Airlines viajava com tempo estável.