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Alça de viaduto que desabou pode cair a qualquer momento, diz perito

Estrutura, que está sendo escorada, sofreu dilatação e deformação do concreto

Minas Gerais|Enzo Menezes e Felipe Rezende, do R7

Alça do viaduto permaneceu de pé após o desabamento
Alça do viaduto permaneceu de pé após o desabamento Alça do viaduto permaneceu de pé após o desabamento

A alça do viaduto Guararapes, que estava sendo sustentada após a queda do elevado, pode cair a qualquer momento. Segundo a Cowan, empresa responsável pela execução da obra, a estrutura sofreu dilatação e deformação do concreto. Nesta terça-feira (22), a companhia informou que detectou falhas no projeto, a partir do relatório do calculista Catão Francisco Ribeiro, com 36 anos de experiência no setor.

— O bloco sofre dilatação, deformação lenta do concreto, uma série de movimentos. Aquele escoramento pode ir afrouxando e acontecer processo semelhante [ desabamento]. Não pode marcar data, mas vai cair.

Conforme as avaliações da Cowan, o escoramento que mantém a alça de pé pode “afrouxar”. Por isso, a companhia sugere que o tráfego não seja liberado na avenida Pedro 1º e que a área fique isolada. O diretor da unidade construtora da empresa, José Paulo Toller Motta, sugeriu duas alternativas: a recuperação ou implosão da alça. Foi a primeira vez que um executivo da empresa veio a público para se manifestar sobre o assunto.

— As duas apresentam riscos. Mas a demolição tem um prazo longo. Para salvar o viaduto tem que trabalhar debaixo da estrutura, é muito arriscado. Com explosivos a equipe sabe como colocar as bananas de dinamite nos pontos corretos sem estar fisicamente lá debaixo. A decisão será da Prefeitura de Belo Horizonte. Eu não assinaria um projeto para reparar essa estrutura.

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Ainda de acordo com o parecer da Cowan, a alça foi planejada com o mesmo erro que fez o viaduto Guararapes desabar: muito menos aço que o necessário, o que causa esmagamento do concreto, por não suportar a carga. O diretor afirmou que não seria possível perceber a falha a tempo.

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— A prefeitura entrega o projeto detalhado. Não se recalcula novamente todo o projeto para verificar se está todo correto. Tudo é supervisionado, há testes de integridade, não é responsabilidade da Cowan fazer um check de cada item. É muito difícil verificar algum erro no local.

O calculista Catão Francisco Ribeiro, da Enescil Engenharia, explicou o erros cometidos no projeto do elevado.

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— O bloco tinha um décimo da carga a que seria submetido, houve um esmagamento. Foi milagre não ter caído antes. Os trabalhadores também correm riscos.

Segundo a companhia, a Prefeitura de Belo Horizonte verificou e aprovou o projeto, que foi passado à empresa pela Sudecap (Superintendência de Desenvolvimento da Capital) e "executado como determinado".

Segundo estudo apresentado pela Cowan, a carga máxima no topo do pilar era de 2.265 toneladas, enquanto cada uma das 10 estacas deveria suportar 250 toneladas (totalizando 2.250 ton). Como a construtora usou apenas 1/10 da ferragem necessária, apenas duas estacas centrais (500 ton) receberam o peso total.

Em nota, a Secretaria Municipal de Obras, por meio da Sudecap, afirmou que "está analisando o relatório apresentado na tarde de hoje pela Construtora Cowan, para tomar as providências que julgar necessárias em relação ao viaduto Guararapes".

Lembre o caso

O viaduto Gurarapes, que fica no bairro São João Batista, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, desabou no último dia 3 de julho. A construção atingiu quatro veículos, sendo um ônibus, um automóvel Fiat Uno e dois caminhões. A motorista do coletivo e o condutor do carro foram atingidos pelos escombros e morreram ainda no local. Outros 22 passageiros do ônibus ficaram feridos e foram socorridos para hospitais da cidade. Entre os feridos, está a filha da condutora, uma menina de apenas cinco anos.

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