Com 50 participantes em BH, Marcha da Família fracassa ao pedir intervenção militar
Reunido na porta da Polícia do Exército, grupo reclamava de "ditadura gay" a filósofo italiano
Minas Gerais|Enzo Menezes, do R7
Programada para este sábado (22) com a promessa de reeditar as "Marchas da Família" de 1964, quando cerca de um milhão de pessoas foram às ruas apoiar o início da ditadura militar, uma manifestação pró-Forças Armadas reuniu cerca de 50 pessoas na tarde deste sábado (22) em Belo Horizonte.
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Eram esperados pelo menos 200 manifestantes na porta da 4ª Companhia de Polícia do Exército, na rua Juiz de Fora, no Santo Agostinho, região centro-sul de Belo Horizonte. A expectativa era tamanha que um dos organizadores do evento, Túlio Naves Batista, teria protocolado na sexta-feira (21) uma carta no 1º Batalhão da Polícia Militar pedindo apoio da PM para uso de via pública. Ele publicou foto do suposto documento na internet.
Os manifestantes se "aglomeraram" na porta da companhia do Exército com cartazes em que pediam a presidência para o general Heleno Pereira, comandante da ação militar brasileira no Haiti em 2004. O texto também pedia "intervenção" das Forças Armadas e reclamava que o país "chora tanta corrupção".
Entre os participantes, 90% são brancos, 70% são homens, a maioria tem entre 45 e 70 anos e se apresentava como militar reformado ou empresário. Além dos discursos em um megafone contra a violência urbana, sobrou até para o filósofo italiano Antonio Gramsci (1891-1937), apontado como referência da "Ditadura Comunista Disfarçada".
De acordo com texto dos organizadores postado no Facebook, a "marcha" seria contra o Marco Civil da Internet em análise no Congresso, contra "todos os comunistas e esquerdistas que impõe uma ditadura homossexual" e contra "partidos que querem promover um Golpe Comunista previsto para esse ano de 2014". Nas postagens, os participantes também se preocupavam com a infiltração de black blocks e críticos com a intenção de tumultuar a "Marcha".
O golpe militar completa 50 anos no dia 31 de março de 2014. Ele empurrou o Brasil em uma ditadura que durou até 1985. Foram 10 mil torturados, 10 mil exilados e pelo menos 400 mortos por discordar do governo. Até hoje, 144 pessoas estão desaparecidas.