"Deputado sabia sobre voo", diz advogado de piloto de Perrella
Filho de senador afirma que Rogério Antunes furtou aeronave e não sabia sobre transporte
Minas Gerais|Enzo Menezes, do R7
Preso com 460 kg de cocaína em um helicóptero do deputado estadual Gustavo Perrella (SDD), filho do senador Zezé Perrella, o piloto Rogério Almeida Antunes rebate as declarações do parlamentar de que teria furtado a aeronave.
Piloto de helicóptero da família Perrella tem cargo na Assembleia de Minas
Em entrevista ao R7, o advogado Nicácio Pedro Tiradentes, que defende o piloto, afirma que Antunes ligou de São Paulo para o deputado pedindo autorização para fazer um frete de implementos agrícolas.
Segundo o defensor, piloto e deputado não sabiam que a carga era pasta base de cocaína.
— Ele ligou de São Paulo perguntando ao deputado [Gustavo Perrella] se podia fazer o frete de implementos agrícolas. O deputado autorizou. É uma situação comum fazer esse transporte aos fins de semana. O Alexandre [José de Oliveira Júnior, também preso] sempre encomendava esses fretes com ele.
O advogado nega o furto da aeronave.
— O Rogério só tomou consciência de que era droga quando chegou à fazenda em Afonso Cláudio. Covardemente, o Gustavo Perrella disse que ele roubou helicóptero. O que me revoltou foi ter chamado meu cliente de ladrão, sendo que ele sabia do voo. O Rogério é muito íntegro, trabalhador, nunca teve problema com a Justiça e querem que ele assuma o risco sozinho.
Nicácio Pedro afirma que vai apresentar à Justiça o registro de ligações do piloto para comprovar sua versão.
— Se for preciso, peço a quebra dos sigilos telefônicos. Armaram pra ele.
De acordo com a assessoria do deputado, Gustavo Perrella não foi encontrado para comentar as afirmações do advogado.
Rogério está no presídio de Viana, no Espírito Santo. Além do piloto e do co-piloto, Alexandre José de Oliveira Júnior, foram detidos Róbson Ferreira Dias, de 56 anos, e Everaldo Lopes de Souza, de 37.
Nesta terça-feira (26), Rogério Antunes foi exonerado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, onde ocupava o cargo de agente de serviços da 3ª secretaria por indicação de Gustavo Perrella. Ele recebia R$ 1.700 por mês há um ano como funcionário do legislativo. De acordo com a Assembleia, o registro de ponto de cargos de livre nomeação é de responsabilidade de cada gabinete.