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Eletricista que perdeu mãos e perna luta para que empresa pague próteses de R$ 490 mil

Acidente de Lucio Nery, de 40 anos, aconteceu em 2013, em Patrocínio

Minas Gerais|Márcia Costanti, do R7

Caso do trabalhador movimentou a categoria em 2013
Caso do trabalhador movimentou a categoria em 2013

O dia 11 de abril de 2013 vai ficar marcado na memória do eletricista Lucio Nery de Souza, de 40 anos, morador de Patrocínio, no Alto Paranaíba, para sempre. Era para ser um dia comum no trabalho, mas se transformou no momento em que mudaria a vida dele completamente. Durante uma manutenção em uma rede com problema, ele sofreu uma forte descarga elétrica e acabou tendo as duas mãos e a perna esquerda amputadas. Desde então, ele luta na Justiça para conseguir apoio financeiro da empresa, a Eletro Santa Clara, que presta serviço para a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais). O trabalhador requer R$ 490 mil para pagar as próteses.

Souza conta que estava afastado da equipe e aguardava o sinal positivo para que subisse no poste. Quando foi comunicado de que a rede havia sido desligada, continou o procedimento e recebeu o choque. Foram dois meses e cinco dias de internação no Hospital da UFU (Universidade Federal de Uberlândia) antes de começar o longo processo de reabilitação à nova vida. Ele conta que, no início, chegou a receber suporte dos patrões, que providenciaram um quarto e um banheiro adaptados na casa do funcionário. Pouco depois, no entanto, ficou sabendo que ele estava sendo apontado como culpado pelo acidente.

—Quando fiquei sabendo disso, entrei na Justiça e eles cancelaram toda a assistência, até o acompanhamento psicológico para mim e meus filhos. Agora, estou pedindo a indenização para conseguir duas mãos biônicas e uma perna mecânica melhor.

Atualmente, aposentado por invalidez, ele recebe R$ 1.100 para sustentar a casa, onde vivem seis pessoas. Conta com a ajuda do enteado, já que a mulher não pode trabalhar para auxiliar o marido nas tarefas mais cotidianas, como sair da cama. A Eletro Santa Clara não foi encontrada para falar sobre o caso e a Cemig informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não vai comentar o assunto.


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Acidentes crescem em Minas


Em 2013, foram registrados 46.786 acidentes de trabalho típicos, ou seja, ocorridos durante a função, em Minas Gerais. O número representa cerca de 128 funcionários feridos diariamente. O chefe da seção de Saúde e Segurança no Trabalho da Superintendência do Trabalho e Emprego do Ministério do Trabalho em Minas Gerais, Marcos Henrique da Silva Junior, a fiscalização e a prevenção são as principais táticas para combater ocorrências deste tipo. Ele afirma que, na grande maioria dos casos, “não há fatalidade” e sim descumprimento de normas protetivas ao trabalhador.

Ele conta que, na maioria das vezes, os responsáveis alegam empecilhos financeiros ou desconhecimento das regras de segurança.


— Nenhuma alegação é válida para o Ministério com relação à expor o trabalhador ao risco. Não podemos deixar que alguém se acidente baseado na ausência financeira da empresa em prover o equipamento de forma segura. A pessoa precisa ter conhecimento de que vai arcar com estes custos de segurança quando quer entrar em determinado setor.

Já a gerente executiva da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Regiane Nascimento, reforça que a instituição mantém cursos de atualização junto aos empresários para oferecer capacitação e atualização sobre a regulamentação de segurança do trabalhador. Ela aponta, no entanto, que as empresas precisam de tempo para se adaptarem às atualizações, como é o caso da NR-12, norma regulamentar que passou a englobar 340 itens relativos aos cuidados no ambiente de trabalho.

— O descumprimento das novas regras gera multas, interdições de máquinas e até interdição da empresa. A Abimaq e outras entidades tentam passar informação para seus associados, orientando quais foram os itens acrescentados e de que forma o Ministério do Trabalho passará a atuar. Um dos grandes problemas, por exemplo, são os equipamentos obsoletos que alguns setores ainda operam. Por isso, o empresário precisa entender que essas máquinas, além de representarem risco, dimimuem a produtividade.

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