Uma jovem de 18 anos denuncia ter sido vítima de injúria racial por parte de um segurança do shopping Pátio Savassi, localizado na região centro-sul de Belo Horizonte. A microempreendedora Júlia Gomes e o tio dela, o professor universitário Vitor Bedeti formalizaram a queixa no serviço de atendimento ao consumidor do centro de compras, no Ministério Público e também registraram um boletim de ocorrência na delegacia, nesta segunda-feira (21).
Júlia Gomes conta que passeava pelo Pátio Savassi enquanto esperava o tio que participava de uma reunião no mesmo local. Os dois iriam almoçar juntos, mas antes do encontro, ela relata que foi abordada por um segurança que queria saber o que ela estava fazendo no shopping.
"Ele falou assim: 'ah você está aqui hoje só dando voltinhas no shopping, né?', querendo dizer que eu estava passando muitas vezes no mesmo lugar. E depois falou 'o shopping é muito pequeno', relembra a jovem.
Júlia conta que, diante da situação, se sentiu obrigada a adquirir um produto para provar que tinha poder de compra. "fiquei muito abalada, não consegui, gravar, pedir ajuda, não consegui fazer nada", diz.
Vitor Bedeti conta que encontrou a sobrinha bastante abalada. "Vi que ela não estava conseguindo nem conversar direito, a primeira frase que ela falou foi 'fui parada por um segurança' e aí eu perdi completamente o chão, já fui imaginando o que poderia ter acontecido", afirma.
Bedeti então resolveu publicar nas redes sociais a denúncia feita pela sobrinha e muitas outras pessoas se manifestaram, dizendo que também já sofreram injúria racial no shopping. "A gente foi vendo uma rede de apoio, de fortalecimento, de pessoas que também tinham vivenciado e isso dá força pra gente fazer a denúncia, que é de extrema importância", conta.
"Isso nunca tinha acontecido, está mexendo muito comigo, é um episódio que pode passar o tempo que for a gente nunca esquece, vou aprender a conviver com isso, mas esquecer é impossível", denuncia a jovem que espera que ninguém mais passe pelo que ela passou.
Depois do ocorrido, Júlia e o tio deram queixa no Serviço de Atendimento ao Consumidor. Em seguida, formalizaram o caso no site do Ministério Público e na manhã desta segunda-feira (21), registraram Boletim de Ocorrência na delegacia especializada.
A vítima diz que não quer a demissão do funcionário, mas sim uma mudança no treinamento dos profissionais da segurança. "Quero que eles tenham conhecimento sobre preconceito, racismo, direito de ir e vir. É uma tristeza muito grande porque a gente sempre escuta falar sobre racismo, mas quando a gente passa, quando está na nossa pele é totalmente diferente. É uma dor que é inexplicável, realmente só quem passa entende e sabe como é isso", afirma.
O Pátio Savassi informou que está apurando o caso e, desde já, enfatizou que não compactua com atitudes discriminatórias. O shopping pontuou que a equipe de atendimento prestou suporte à jovem e buscou verificar o ocorrido. O segurança teria alegado que abordou a cliente para oferecer ajuda.