Justiça anula julgamento que absolveu ex-policial Bola por morte de agente penitenciário
Desembargadores consideraram que acusado foi reconhecido pela irmã da vítima
Minas Gerais|Do R7
O julgamento que absolveu o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, pela morte do agente penitenciário Rogério Martins Novelo foi anulado pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais nesta quarta-feira (7). Os desembargadores consideraram que a decisão dos jurados foi contrária a provas presentes no processo, como o testemunho da irmã da vítima, que afirmou ter reconhecido Bola na cena do crime. Ela denunciou o ex-policial ao reconhecê-lo na televisão com a repercussão da morte de Eliza Samudio.
Leia mais notícias no R7 Minas
Segundo a desembargadora Beatriz Pinheiro Caires, a testemunha não deixou dúvidas sobre a presença de Bola no local, pois estava bem perto do acusado. “O valor das declarações de referida testemunha aumenta quando constato que pessoas ouvidas no processo atestam a sua idoneidade, sem que se possa cogitar de motivos escusos que a levassem a imputar falsamente a autoria do delito ao réu”, afirmou a relatora. Ela foi acompanhada pelos desembargadores Renato Martins Jacob e Matheus Chaves Jardim.
Bola foi inocentado em 7 de novembro de 2012 pela morte do agente Rogério Martins Novelo, assassinado a tiros dentro de um carro no bairro São Joaquim, em Contagem, na Grande BH. O crime foi cometido em 2000. O crime teria sido encomendado, já que Bola e Rogério não se conheciam.
Com a absolvição, o Ministério Público alegou que o júri deveria ser anulado porque a defesa intimidou os jurados apresentando vídeos de treinamento militar de Marcos Aparecido durante o julgamento. Os desembargadores rejeitaram esta justificativa, mas determinaram a realização de um novo julgamento por causa do testemunho da irmã da vítima, que se recusou a participar do júri por "temer por sua vida, circunstância que não retira a credibilidade de suas informações, pela segurança com que foram oferecidas".
Os advogados de Bola não atenderam às ligações da reportagem na tarde desta quarta-feira (7).
Contradições
Durante o júri, a defesa de Marcos Aparecido argumentou que o retrato falado do suspeito de cometer o crime não possui traços parecidos com o ex-policial. O método utilizado pelo atirador também foi questionado. A arma usada, uma pistola calibre 765, não seria a indicada para a execução por ter menor poder de fogo. O acusado, por ter atuado na polícia, teria precisão suficiente para atirar de longe, enquanto o criminoso atirou três vezes perto da vítima.