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Marcos Valério tenta enganar a Justiça para conseguir transferência de presídio

Mensaleiro foi condenado a 37 anos por corrupção ativa

Minas Gerais|Do R7 com RecordTV Minas

Família do mensaleiro teria tentado forjar endereço no interior para conseguir transferência
Família do mensaleiro teria tentado forjar endereço no interior para conseguir transferência

O jornalismo da RecordTV Minas descobriu que o publicitário Marcos Valério tentou enganar a justiça para ser transferido da penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Ele forjou vínculo com cidades do interior para ser aceito em Apac´s (Associação de Amparo ao Condenado), uma penitenciária modelo que abriga, por exemplo, o ex-goleiro do flamengo Bruno Fernandes em uma das unidades. As manobras aconteceram em meio a uma negociação de delação premiada na investigação do mensalão.

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O publicitário disse à Justiça que familiares dele moram em um endereço na cidade Lagoa da Prata, no interior de Minas Gerais, há 200 quilômetros da capital mineira. No local, há uma casa simples de portão branco. Uma conta de telefone, com o endereço do imóvel está em nome de Aide Fernandes de Souza, mãe de Valério. Mas o verdadeiro dono da casa é o aposentado Divino Teodoro, que nunca nem ouviu falar do mensaleiro. O golpe começou quando o idoso colocou a casa dele para alugar.

— Ele veio aqui e queria alugar a minha casa, mas eu falei para esperar mais alguns dias porque eu não tinha terminado o meu cômodo ainda. Foi um outro rapaz [que foi até o local] que diz que era parente dele [de Marcos Valério].


Quem supostamente iria morar na casa além da mãe de Valério, seria a atual companheira dele, Aline Couto Chaves, mas a desculpa dada pelo negociador era que o imóvel seria apenas usado como endereço fixo de referência para internação de um usuário de drogas da família em uma clínica de reabilitação que ficaria nas proximidades.

O aposentado recusou a proposta, mas o homem teria insistido que ele e a esposa nem precisariam deixar a casa.


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Marcos Valério, condenado a 37 anos de prisão em regime fechado pelos crimes de corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas, atualmente negocia um acordo de delação premiada. Mesmo assim, ele tentou enganar a justiça: apresentou documentos e forneceu informações falsas num pedido de transferência da penitenciária Nelson Hungria para a Apac de Lagoa da Prata. A solicitação foi em fevereiro de 2016 e por isso a tentativa de comprovar vinculo com a cidade.


A RecordTV foi conhecer a instituição. Os dententos são chamados de recuperandos e passam o dia fora das celas, além de realizarem uma série de atividades.

A farsa montada para a tentativa de transferência não deu certo. De acordo com o juiz da 1ª Vara Cívil e Criminal de Execuções Penais de Lagoa da Prata, Aloysio de Paula Junior, além da falta de vagas, foi constatado que as informações fornecidas não correspondiam com a realidade, restando definido que a mãe e a companheira do sentenciado não residiam no endereço indicado. O documento diz ainda que o Teodoro e a mulher dele, Ângela Maria, são os únicos moradores da residência e informaram que desconhecem o sentenciado, bem com os familiares.

Mesmo com o primeiro pedido negado, Valério não desistiu. Formalmente, o mensaleiro já fez o pedido de transferência para a unidade de Santa Luzia. Porém, de acordo com a juiza da 1ª Vara Criminal e Execução Penal de Santa, responsável pelos presídios do município, o ingresso de condenados no novo modelo depende de uma série de requisitos. Ainda segundo ela, a Associação atente prioritariamente condenados recolhidos no presídio da cidade, no bairro Palmital e o mensaleiro teria tentado dar um 'jeitinho' pra entrar nessa lista especial.

— Ele fez um peddo nessa lista prioritária, dizendo que tem um parentesco aqui, mas não foi apurado esse vínculo. 

O advogado de Marcos Valério, Jean Kobayashi Júnior, nega que o publicitário tenha tentado enganar o Judiciário. Ele disse que a família de Valério deixou de morar em Lagoa da Prata depois que o pedido de transferência dele para a Apac de lá foi negado. O STF (Supremo Tribunal Federal) confirmou ter recebido o comunicado do juiz Aloysio de Paula Júnior, de Lagoa da Prata, no último dia 17 e que o Ministro Luís Roberto Barroso não se manifestou, já que cabe ao magistrado de primeira instância dar a palavra final sobre pedidos de transferência. Ainda segundo a assessoria do STF, Barroso só deverá se manifestar nesse caso se a defesa de Valério recorrer da decisão do juiz de Lagoa da Prata.

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