Projeto promove "bombardeio de fios" e cobre pontos de BH com tricô e crochê
Artesãs se inspiram em movimento internacional para organização da intervenção urbana
Minas Gerais|Márcia Costanti,do R7
Camadas de blusas, pessoas encolhidas, a rua mais deserta e uma boa dose de vento: o cenário típico de um dia de frio. No entanto, as amigas Júlia Assis e Marcela Melo querem dar um colorido diferente a esta cena em Belo Horizonte: por meio do projeto Vestíveis Urbanos, elas pretendem “vestir” espaços públicos com peças em tricô e crochê na capital mineira e, assim, chamar a atenção de quem anda pelas ruas da capital mineira.
A ação, que já ocorre em âmbito internacional, tem nome: “bombardeio de fios”. Segundo Julia, que é designer de moda, a iniciativa é “independente e colaborativa” e tem propósitos diferentes, de acordo com a filosofia de cada organização. Enquanto alguns planejam embelezar as “selvas de pedra” das cidades grandes, outros querem promover reflexões sobre a divisão de espaços públicos e privados nos municípios.
Júlia ressalta que, por aqui, a intervenção ainda aguarda a receptividade das pessoas para definir a que veio.
—A gente não tem uma referência direta, mas pensamos sempre no impacto que vai ter, como vão receber, embora não tenha como prever o alcance. Mas queremos que chame a atenção e, por isso, vamos sempre estudar onde colocar e por quê.
A paixão pelas linhas e cores é de família: Julia aprendeu a tricotar com a mãe. Depois, conheceu Marcela e o crochê e, desde então, elas vêm organizando palestras e cursos de costura. Agregando cada vez mais entusiastas, as amigas ensinam os participantes da oficina os pontos básicos e, depois que as peças estiverem prontas, o grupo se reúne para aplicar o material em algum ponto da capital. Daqui para frente, o intuito é expandir a ação e conquistar mais integrantes para o grupo.
— Já tivemos algumas respostas, positivas e negativas. Mas na maioria das vezes, a resposta é boa. Quem passa pelo grupo fica curioso, a gente recebe muito carinho. É um misto mesmo, porque propomos um diálogo inusitado entre algo tão tradicional e a ocupação do espaço urbano. Queremos fazer com que as pessoas parem e pensem no dia a dia de cada um.