Rapaz com dengue hemorrágica é atendido no chão em UPA na Grande BH
Família denuncia falta de estrutura do local para atender os pacientes e superlotação
Minas Gerais|Do R7
Um homem recebeu atendimento durante 11 horas deitado no chão em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) em Contagem, na região metropolitana de BH. O cabeleireiro Wesley Gomes Martins da Silva, de 31 anos, estava com dengue hemorrágica e não resistiu.
A mãe da vítima, Maria Helena Gomes, é quem levou um edredom para que ele pudesse deitar, e não ficasse no chão.
— Não tem uma maca para a pessoa deitar. Ele estava no chão, gritando de dor, só com soro ligado. Ai eu coloquei o edredom para ele deitar e fui tentar conseguir alguma ajuda para tirar ele de lá.
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A família explica que Silva começou a passar mal no último dia 23 de fevereiro e que parecia estar gripado. No dia 25, os sintomas pioraram e Warley Gomes levou o irmão gêmeo para a UPA JK, em Contagem.
— Eu cheguei a falar com a enfermeira que meu irmão estava em um quadro de risco e que era perigoso até ele perder a vida. Mas ela falou que ele não ia chegar a morrer.
Como o irmão não foi internado, Gomes assinou o termo de responsabilidade e levou Silva, em um carro particular para procurar socorro em outra UPA. O cabeleireiro foi levado para Belo Horizonte, mas não resistiu. O atestado de óbito da vítima confirma que a morte foi por dengue hemorrágica.
A equipe de reportagem da TV Record esteve na UPA JK e confirmou uma situação bem parecida com a que a família de Silva encontrou. O local estava lotado, com pacientes aguardando atendimento inclusive do lado de fora, como o caso de Juliana, que aguardou atendimento por quase nove horas.
— Eu cheguei aqui eram oito da manhã, o que eles fizeram: eu e meu filho fizemos a consulta juntos, eles pegaram meu filho e examinaram ele e passaram 25 pessoas na minha frente.
Em Minas Gerais, a Secretária de Estado de Saúde contabilizou, entre janeiro e 16 de fevereiro, oito mortes confirmadas, mais de 62 mil casos suspeitos de dengue, 128 de febre chikungunya e 303 casos suspeitos de Zika Vírus.
A conselheira de saúde de Contagem, Cássia Simone da Silva afirma que 99% das pessoas que vão para a UPA estão com suspeita de dengue e denuncia que o Estado não está sendo notificado dos casos do município
— O Estado não está sendo notificado. Desde a morte do Wesley, Contagem não notificou. O Estado não está sabendo o caos que está a epidemia de dengue no município.
A Secretaria de Saúde de BH disse que a causa da morte de Silva ainda está sendo investigada. A direção da UPA JK, em Contagem, disse que o paciente deu entrada na unidade e foi atendido em seis minutos com quadro de dor e febre, mas sem apresentar hemorragia. A unidade reforçou que o homem foi orientado sobre os riscos, mas preferiu deixar a unidade.