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Advogada pedirá saída de delegado que apura estupro coletivo; ex-chefe de polícia fala em vítima criminalizada

Para Eloisa Samy, polícia criminaliza vítima; polícia diz ser "imparcial"

Rio de Janeiro|Do R7

Mulheres protestaram na noite de domingo na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro
Mulheres protestaram na noite de domingo na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro

A advogada da adolescente de 16 anos que disse ter sido estuprada por mais de 30 homens em uma comunidade da zona oeste do Rio de Janeiro afirmou que vai pedir o afastamento do delegado titular da DRCI (Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática), Alessandro Thiers, das investigações do caso.

No entendimento de Eloisa Samy Santiago, o policial criminaliza a vítima ao questionar se ela teria o hábito de fazer sexo em grupo. A adolescente prestou novo depoimento na noite de sexta-feira (27), quando também foram ouvidos dois homens que disseram que a jovem teria feito sexo consensual com um deles.

O coordenador de Direitos Humanos do Ministério Público do Rio de Janeiro, procurador Márcio Mothé, e a coordenadora de Violência Doméstica contra a Mulher, promotora Lúcia Iloízio, receberão a advogada no final da tarde de hoje na sede do Ministério Público, no centro da capital fluminense.

Veja também: Polícia localiza casa em que adolescente sofreu violência sexual


A deputada Martha Rocha (PDT), ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, divulgou na tarde deste sábado (28) nota em repúdio a declarações do delegado. Ela também diz acreditar que falas do agente publicadas na imprensa "criminalizam e culpabilizam" a vítima.

"Quando estamos diante de uma barbárie dessas e o delegado diz que 'está investigando se houve consentimento e que a polícia não pode ser leviana', entendemos porque tantas mulheres deixam de ir às delegacias denunciar casos de abuso sexual e violência", disse ela, que é presidente da Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).


Para ela, a investigação teria de ter a participação da Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher). Em nota à imprensa, a Polícia Civil afirmou que a investigação do caso tem sido feita de forma integrada pelas duas delegacias especializadas — DRCI e DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima).

A polícia também disse que a apuração é conduzida "de forma técnica e imparcial, na busca da verdade dos fatos, para reunir provas do crime e identificar os agressores, os culpados pelo crime".


A DRCI informou que, durante depoimento da adolescente, foi perguntado se ela "tinha conhecimento que havia um outro vídeo sendo divulgado em mídias sociais em que apareceria mantendo relações sexuais com homens, conforme relato de uma testemunha". A garota negou e disse desconhecer o suposto vídeo.

A polícia ainda relatou que a mãe da vítima acompanhou todo o depoimento. A convite da Polícia Civil, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) vai acompanhar a investigação.

A polícia aguarda a conclusão do laudo dos exames feitos pela garota no IML (Instituto Médico Legal) e busca suspeitos de envolvimento no caso de violência sexual para esclarecer o crime. Neste sábado (28), operação da PM faz buscas para tentar identificar suspeitos na comunidade São José Operário.

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