Cabral diz que não permitirá transposição do rio Paraíba do Sul; decisão é da Agência Nacional de Águas
Proposta do governo de SP visa driblar crise de abastecimento de água no Estado
Rio de Janeiro|Do R7
O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), falou nesta quinta-feira (20), em sua conta no Twitter sobre a possibilidade de transposição do rio Paraíba do Sul apresentada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Em nota, Cabral negou que tenha autorizado a captação na bacia do Paraíba do Sul.
"Jamais permitirei que se retire água que abastece o povo do Estado do Rio de Janeiro. O governador [Geraldo] Alckmin, com quem tenho excelente relação, me ligou para expor essa ideia. Disse a ele que formalizasse a proposta e que eu enviaria aos órgãos técnicos. Mas já adianto: nada que prejudique o abastecimento das residências e das empresas do Estado do RJ será autorizado".
Rio: medida ameaça segurança hídrica
A Secretaria Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro informou, por meio de nota, que a transposição de águas do Paraíba do Sul em São Paulo poderia comprometer a segurança hídrica fluminense. De acordo com a nota, o Rio é “fortemente dependente da bacia do rio Paraíba do Sul, responsável pelo abastecimento de mais de 11 milhões de habitantes e pela sustentação de parcela expressiva da atividade econômica do Estado”.
A nota foi divulgada em resposta à intenção do governo de São Paulo de interligar a bacia do rio Paraíba do Sul, que nasce em São Paulo, com o Sistema Cantareira, que abastece a Grande São Paulo e que, pela escassez de chuvas, registra os piores níveis dos últimos 40 anos.
Para fazer a interligação, no entanto, é preciso aprovação da ANA (Agência Nacional de Águas) e da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), já que o Paraíba do Sul corta três Estados (Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais). A agência ainda não recebeu pedido formal para análise da proposta.
Estudos preliminares da Secretaria de Ambiente do Rio apontam que a disponibilidade de água na bacia do Paraíba do Sul já apresenta problemas no período de estiagem. “Em Santa Cecília (ponto de captação da água para o rio Guandu e região metropolitana do Rio), a regra em vigor determina vazão mínima de 250 metros cúbicos por segundo (m³/s) que, pela falta de água, já não é atendida em 8% do tempo (período de estiagem)”, informa a nota.
A secretaria diz ainda que "é fundamental um aprofundamento técnico sobre o verdadeiro impacto no território fluminense. A preocupação do governo do Estado do Rio é com a garantia de água para hoje e para as próximas gerações”.